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Cruzando o Canadá: Diário de Viagem 5

Eu nem acredito que já estamos no dia 60 da nossa viagem! Sim, DOIS MESES viajando de carro pelo Canadá e algumas partes dos Estados Unidos. Esta tem sido uma experiência enriquecedora em vários aspectos: conhecendo lugares incríveis, nos conectando (ainda mais) com os meninos, entendendo que a gente precisa de tão pouca, valorizando coisas que a gente achava que não valiam tanto, entendendo um pouco mais sobre o Canadá e seu povo… Na verdade eu nem consigo colocar em palavras tudo isso que estamos vivendo. É o tipo de experiência única que iremos guardar para o resto das nossas vidas.

Tenho escrito estes diários de viagem como uma forma de colocar aqui no blog sentimentos e histórias que temos vividos nestes dias. Sempre que eu tenho algo que quero deixar registrado aqui eu abro um caderno ou meu bloco de notas do celular e escrevo algo. Depois, de tempos em tempos, eu sento e escrevo o post de um determinado período por aqui. Tem funcionado bastante para eu não esquecer de nada, mas eu tenho recebido mensagens de pessoas que querem dicas específicas dos lugares que nos hospedamos, atrações e restaurantes que visitamos. E tudo irá virar sim post aqui no blog, só peço que vocês tenham paciência porque eu não estou conseguindo escrevê-los na rapidez que gostaria.

Diário de viagem: Dias 44-59 na estrada (6 de agosto até 21 de agosto)

Saímos de dias maravilhosos em Summerland prontos para visitar as Rochosas Canadenses. E foi especial demais passar pelo meio de British Columbia (BC) e ir aos poucos chegando perto dos paredões rochosos que ficam entre as províncias de BC e Alberta. Nós já tínhamos passado por esta estrada antes e foi especial passar novamente. E eu lembro bem quando passamos pela primeira vez no Rogers Pass e não conseguíamos parar de bater fotos e suspirar dali por diante… e foi a mesma coisa que aconteceu desta vez. Dali você vai passando em um parque nacional atrás do outro – Glacier National Park, Mount Revelstoke National Park, Yoho National Park, Banff National Park. Fantástico.

Nossa primeira noite nas Rochosas foi passada em Revelstoke, no Boulder Mountain Resort. Alugamos uma cabana de filme mesmo (lindíssima!) e curtimos as montanhas ao nosso redor e a natureza. Nossa cabana era super completa com banheiro aquecido, cama de casal, sofá cama e cozinha completa (com geladeira, fogão, microondas e até máquina de lavar louça). Tinha também uma área externa com churrasqueira e espaço para fogueira (que não foi possível acender por conta da proibição de fazer fogueiras devido ao elevado risco de queimadas). O resort possui ainda espaço para trailer, outros tipos de cabanas, piscina e parquinho. Fica literalmente do lado da estrada e 2 minutos do centro de Revelstoke.

No outro dia seguimos para Banff, mas antes passamos pelo Yoho National Park para visitar mais uma vez o Emerald Lake e fazer a trilha de 20 minutinhos até a segunda cachoeira mais alta do Canadá, a Takakkaw Falls. Na primeira vez que visitamos o Yoho chegamos na cachoeira super tarde e vimos ela somente do estacionamento. Já adianto que a trilha é super fácil e vale muito a pena fazer e ter uma vista de perto desta queda d’água. Como era domingo tanto a cachoeira quanto o Emerald Lake estavam lotados (tem foto ai abaixo para provar isso), o que tirou um pouco o encanto, devo confessar. Mas mesmo assim conseguimos curtir o passeio.

Banff é uma cidade muito cara, caríssima! Por lá moram 7.500 pessoas e todas elas trabalham na cidade ou arredores. Ninguém que não trabalhe em Banff pode morar por lá. Nós já fomos no local outras vezes mas mesmo assim queríamos voltar por lá, então ficamos somente 2 noites – e mesmo assim, e escolhendo um hotel super simples, gastamos praticamente CAD$1000 em hospedagem por lá. Isso fora alimentação e passeios. Portanto, quando você estiver planejando uma viagem para Banff a regra é guardar dinheiro. Mas, posso dizer com toda certeza: vale cada centavo.

Algumas curiosidades sobre o Banff National Park:

  • O Parque Nacional de Banff é um dos quatro parques nacionais (Banff, Jasper, Yoho e Kootenay) que, juntamente com três parques provinciais de British Columbia (Monte Robson, Monte Assiniboine e Hamber), compõem o Patrimônio Mundial dos Parques das Montanhas Rochosas.
  • O Parque Nacional de Banff abriga os seguintes sete locais históricos nacionais: Skoki Lodge, Abbot Pass Hut, Howse Pass, Cave and Basin, Fairmont Banff Springs Hotel, Banff Park Museum e a Cosmic Ray Station no Sanson Peak.
  • O maior lago do parque, o Lago Minnewanka, não é natural e sim feito pelo homem. Quando foi represado, o nível da água subiu e inundou a pequena vila turística de Minnewanka Landing.
  • A cidade de Banff tem uma altitude de 1.383 metros e é a cidade mais alta do Canadá.
  • O nome “Banff” é derivado de Banffshire na Escócia, o local de nascimento de dois dos diretores originais da Canadian Pacific Railway.

A cidade de Banff recebe mais de 4 milhões de visitantes por ano. Fazia 9 anos que não vínhamos visitar o local e fiquei espantada com o número de pessoas: LOTADO. E com isso a visita aos lagos e pontos turísticos ficou bem restrita. Ouvimos falar que tínhamos que chegar cedo para conseguir espaço no estacionamento dos lagos Louise e Moraine. Aproveitamos que queríamos ver o nascer do sol no local e acordamos 5am para ir para lá. Nossa surpresa foi que ao chegarmos a estrada de acesso ao Lago Moraine já estava fechada desde 2 da manhã (isso mesmo, as pessoas vão de madrugada para garantir sua vaga). O Lake Louise ainda tinha vaga mas já estava bastante cheio.

Valeu muito acordar cedo e ver o nascer do sol: lindíssimo! Inesquecível! Aproveitamos e ficamos no local até podermos alugar uma canoa por meros CAD$150 por hora (tudo é caro por lá, tudo) e os meninos irem com o Ju passear pelo Lake Louise. Eu e a Ella fizemos parte da trilha e costeamos o lago, mas ainda não foi desta vez que fomos até a casa de chá e vimos o lago do topo. Saindo do Lake Louise tivemos a sorte de terem liberado a entrada de 10 carros para o Moraine, justamente quando estávamos passando. Fomos, subimos parte da Sentinel Trail, e tivemos a vista do lado do alto com os 10 picos emoldurando aquele azul turquesa.

Visitamos outros lagos da região e eu irei escrever para vocês uma lista de todos os lugares lindos que já visitamos nas Montanhas Rochosas nas 3 vezes que visitamos o local. São tantos lugares para ir que vale a pena ter uma lista prática para vocês pesquisarem e decidirem onde visitar – porque a variedade é enorme. Destaque para a Castle Mountain, uma montanha que vai chamar a sua atenção nos arredores de Banff e que recebeu este nome por James Hector em 1858 por ser “uma montanha notável, que se parece exatamente com um castelo gigante”.

Pausa aqui para dizer que subimos a gôndola de Banff novamente, mas desta vez com os meninos. A primeira vez que subimos foi logo após termos perdido nossa segunda gestação e subir com eles foi especial demais. Uma pena que agora a atração não é mais pet-friendly, então a Ella não pode se juntar a nós assim como Jojoe fez em 2013. Eu sei que muitas pessoas acham este tipo de atração muito turística, mas ver a região do alto é incrível e eu adoro também o fato de lá no topo ter uma trilha em um boardwalk que te leva a um outro pico e várias visões da região (não é simplesmente subir, ver de descer). Obviamente que o preço é salgado – para uma família de 4 como a nossa o preço total fica em torno de CAD$200 – mas se estiver dentro do seu orçamento vale sim a pena.

No outro dia acordamos novamente super cedo (5am), mas desta vez para dirigirmos pela Icefields Parkway ou “a estrada mais linda do mundo” e chegarmos a Jasper, nosso próximo destino. Como passamos por ela cedo – e já passamos por ela outras vezes – a gente não fez nenhuma das atrações que tem no caminho (a não ser uma que é nova e vocês vão ler abaixo). Resolvemos apenas dirigir, apreciar as montanhas e realmente curtir a estrada. Segue abaixo algumas informação da Icefields Parkway:

  • Comprimento: 230km
  • Duração do passeio: 3 horas se você não parar
  • Preço para passar por ela: você precisa ter o passe do Parks Canada
  • Restaurantes no caminho: no Athabasca Glacier e no Saskatchewan River Crossing
  • Posto para abastecer seu carro: somente no Saskatchewan River Crossing
  • Número de glaciares: + de 100

Como falei anteriormente nós planejamos fazer apenas uma atração na Icefields Parkway, que foi o Columbia Icefield Skywalk. Essa plataforma de vidro não existia quando visitamos o local outras vezes, então resolvemos fazer desta vez. Nós pegamos um ônibus no Discovery Centre que nos levou a entrada da plataforma. Você chega nela depois de percorrer um caminho curto contando a história do local e costeando um canyon cheio de cachoeiras. A plataforma de vidro faz você ter uma experiência diferente e uma sensação de estar mais perto das geleiras, eu amei! Depois é só voltar e esperar o ônibus que irá te levar de volta para o Discovery Centre. O local onde a skywalk está não tem estacionamento e o único acesso são estes ônibus próprios da atração. Tivemos a sorte de termos sido os primeiros no local e os únicos no ônibus de ida e de volta (vantagens de acordar cedo).

Depois de nos deslumbrarmos na Icefields Parkway chegamos em Jasper e corremos para fazer o check-in no nosso hotel, deixar a Ella por lá e fazer o passeio de barco do Maligne Lake. O dia estava perfeito e pegamos o último horário do barco para fugir do calor. O trajeto de Jasper até o local onde pegamos o barco é quase 1 hora e a estrada é lindíssima, passando por outro belo lago chamado Medicine Lake (primeira foto abaixo). A estrutura que montaram nos docks dos barcos é incrível: restaurante, café de doces, lojinhas… O lago é enorme (22km) e praticamente todo rodeado com montanhas e glaciares. O passeio de barco (CAD$200 por família) te leva até a Spirit Island, a famosa ilha fotografada por todos e super simbólica para os povos indígenas.

No caminho até o Maligne Lake – e na volta – vimos muitos animais selvagens. Eu não acreditei o tanto de animais que vimos: água americana, filhote de urso no topo da árvore, elk, deer… acredito que isso aconteceu porque nosso passeio acabou 7pm e geralmente no início da manhã ou final da tarde os animais vão para a estrada caçar ou se alimentar. Foi emocionante ver um animal literalmente a cada curva e guardarei para sempre este momento. Batemos a maioria das fotos com a máquina e não celular e como as fotos deste post são do celular porque ainda não conseguimos baixar e editar as fotos da máquina, segue somente a fotinho de um elk.

Aproveitamos para visitar vários lagos em Jasper e também curtir o centrinho da cidade (i.e., o parquinho e a estação de trem, que praticamente toma conta da cidade toda). Visitamos o Patricia Lake, Edith Lake e Annette Lake, mas o lago que nos encantou mesmo por lá foi o Pyramid Lake. Este parque possui uma montanha lindíssima emoldurando a paisagem, várias praias de areia, um hotel e um deck para sentar e curtir a paisagem em uma cadeira Muskoka. Além disso, tem aluguel de barcos e kayaks (CAD$80) e uma ilha linda para você fazer trilha e bater várias fotos.

Saímos de Jasper e fomos então para Edmonton, passar a semana, trabalhar muito e descansar. Pegamos uma casa no Airbnb de 3 quartos e bastante espaço para a gente poder organizar a vida, o que acabou não sendo o que esperávamos porque a casa era suja e não muito equipada (eu irei falar sobre todos os perrengues desta viagem em um post, prometo). Não conhecemos Edmonton como gostaríamos mas pudemos explorar o centro da cidade e alguns dos vários parques no River Valley, visitar o Elk Island National Park (e ver bisões de pertinho caminhando na estrada) e conhecer o West Edmonton Mall, o maior shopping do Canadá. Eu queria ter explorado melhor a cidade e acho que por conta do perrengue da hospedagem eu não curti muito Edmonton. Uma pena!

Depois de Edmonton nosso roteiro de viagem estava super aberto: poderíamos ir para Saskatoon e depois Regina, ou ir para Calgary passando pela região dos dinossauros. Pensamos que Calgary sempre estaria no nosso caminho, porque é uma cidade ótima para chegar de avião para explorar as Montanhas Rochosas (uma viagem que a gente gosta de fazer com família e amigos que vem nos visitar). Seria a oportunidade de passar pela estrada 16 e visitar as cidades mais ao norte. O que realmente pesou na balança foi o fato de que, ao incluirmos Calgary no roteiro, iríamos encontrar algumas pessoas especiais: a Mariana Day (que faz vários projetos comigo aqui no blog e se tornou uma amiga muito querida) e os primos do Juliano (que estavam viajando pelas Rochosas de motorhome e por sorte nossos roteiros se encontraram).

Ficamos em Calgary 3 noites mas uma delas acabamos passando no motorhome dos primos do Ju em Banff. Em Calgary visitamos o enorme Heritage Park (uma vila com 180 exibições que é como se fosse um museu aberto que recria a vida antiga) e saímos de madrugada para finalmente ver a Aurora Boreal. Como estávamos nos hospedando no norte da cidade a gente dirigiu 20 minutinhos e já conseguiu ir para um lugar escuro e ver ela de longe. A foto é péssima porque o carro estava andando (e quando paramos não conseguimos visualizar mais), mas já valeu. Quem sabe um dia a gente consiga ver a Aurora encima das nossas cabeças e se movendo constantemente, o que não foi desta vez.

De Calgary fomos para Regina novamente, desta vez com calma para conhecer mais a cidade e encontrar outra pessoa querida que eu conheci através do blog: a Jaque. Passeamos por lá e gostei muito do que vi. Não vou trazer muitos detalhes de Regina pois estarei escrevendo um post detalhado sobre ela, mas posso dizer que o céu de Saskatchewan é lindo demais! E depois de duas noite em Regina voltamos para os Estados Unidos para um outro encontro especial e continuar nosso caminho para casa. Tudo isso será assunto do próximo diário de viagem. Espero que vocês estejam gostando destes posts, porque eu estou amando escrever e deixar registrado um momento tão especial.

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1 comentário em “Cruzando o Canadá: Diário de Viagem 5”

  1. Gaby e família
    Muito obrigada por compartilhar dicas e essa viagem incrível. E ensinando seus meninos, que vocês juntos são fortes, para os desafios da vida. Parabéns!
    Bjs
    Ana (São Paulo- Brasil)

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