Brasil. Depois de 4 anos

Fiquei sumida do blog em março por um motivo muito especial: fomos para o Brasil. Assim que chegamos no Canadá – há 13 anos atrás – tínhamos o hábito de irmos para o Brasil todo ano (e às vezes mais de uma vez para o ano). Quando engravidei pela primeira vez em 2013 – e tive minha primeira perda gestacional – isso mudou pois eu não queria viajar grávida. Ai vieram os meninos, o trabalho mudou e viajar para o Brasil ficou mais difícil. Nos últimos 8 anos fomos 3 vezes (incluindo esta vez). Acho que por conta de viagens para o Brasil serem mais raras nós tentamos curtir intensamente, e foi o que aconteceu desta vez.

Acho que a diferença que eu senti foi o fato de estar viajando com meus filhos “grandes”. Deles entenderem que estamos no Brasil, de quererem saber onde eu morava quando tinha a idade dele, onde foi a minha escola, de associarem a comida que temos em casa a uma cultura, de ouvir português por todos os lados e de expressar a sua opinião sobre coisas que eu e o Juliano não notamos, porque somos acostumados com aquilo já que nascemos e moramos grande parte da nossa vida no Brasil. Nós sempre viajamos muito com os meninos mas esta foi a primeira vez que eu realmente vi o quanto é incrível mostrar o mundo para eles e conhecer lugares através dos seus olhinhos curiosos. Coisas do tipo “bate uma foto desta árvore mãe porque eu nunca vi uma folha tão grande e ondulada” ou “você conhece essa pessoa? porque ela foi tão simpática com você que parece que é sua amiga” chamaram muito a minha atenção.

Ver os meninos correndo no lugar que eu nasci e cresci, na casa dos avós, brincando com os primos, abraçando a bisavó, pulando onda na praia, comendo camarão… fez meu coração ficar quentinho. Eu não me vejo mais morando no Brasil e sinto que meu lugar no mundo é o Canadá, mas uma grande parte do que eu sou vem daquilo que eu vivi em Florianópolis, então é muito bom mostrar isso para os meninos. Porque assim eles vão entender mais do porquê da mãe deles ser como ela é. E essa experiência foi o que fez a viagem tão especial, além claro de todo o carinho recebido pela família e amigos.

Uma das coisas que eu realmente fiquei impressionada foi o tanto que a minha cidade – Florianópolis – cresceu. A última vez que fomos para o Brasil foi no início de 2019 e Ian era bebê de colo e mamando. Resultado: eu não consegui jantar fora e passear tanto quanto gostaria. Desta vez com os meninos grandes a gente curtiu DEMAIS: jantou com amigos, passeamos, viajamos… e eu consegui ver todo o desenvolvimento de lá. Fiquei feliz, impressionada… não esperava. E fiquei imaginando como está Curitiba (onde fiz uma das minhas pós-graduações) ou São Paulo (onde moramos 1 ano antes de vir para o Canadá), já que estas cidades eram bem maiores e desenvolvidas que Florianópolis naquela época. Imagina só agora!

No avião, já na volta, o Thomas perguntou o porquê de termos ido embora de tudo aquilo. Praia, família, comida deliciosa, clima perfeito, muito verde, apoio, amor. Eu não consegui responder para ele, apesar de saber a resposta. E é engraçado pensar que o motivo que me fez sair do Brasil há 13 anos atrás não é mais o motivo que me faz querer continuar no Canadá. A gente muda demais quando sai do nosso país de origem. Não nos sentimos completos em nenhum lugar do mundo porque a gente percebe que não é o endereço geográfico que importa, mas as experiências, a vivência, as pessoas que cruzam o nosso caminho. Não é a comida, o clima ou a cor das folhas da árvore que importa, mas o impacto que a gente deixa por onde passamos, em qualquer lugar do mundo.