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Um ano depois…

Este mês é marcado pelo primeiro ano da pandemia no mundo. Apesar da doença ter surgido antes disso, foi em março que a “ficha caiu” e que a vida das pessoas realmente ficou impactada (pelo menos aqui no Canadá). No dia 11 de março a Organização Mundial de Saúde declarou o coronavírus uma pandemia e nossas vidas mudaram… Eu lembro bem de deixar o Ian na creche e o Thomas na escola na quinta-feira dia 12 de março e ir trabalhar. Eu já pensava na pandemia e já falávamos muito no trabalho, mas ninguém imaginava no que estava por vir. Quando estava voltando para casa naquele dia recebi um telefonema do Juliano falando que as escolas iriam fechar por 3 semanas. Eu pensei: “quanto tempo, como faremos para trabalhar?” Mal sabia.

Os primeiros dias e semanas foram nervosos e tensos. Nós não saíamos de casa para nada, nem para fazer compras. Eu não queria respirar ar puro que outras pessoas estavam respirando. Eu fiquei um pouco neurótica. As compras online chegavam e eu colocava máscara e tirava as crianças da sala até limpar e manusear tudo. Eu só fui ficar mais tranquila quando os artigos científicos foram sendo publicados e a doença começou a ser (um pouco) entendida.

Eu lembro de ter escrito um post no instagram falando de medo e de que eu imaginava que “dias escuros estavam chegando”, uma menção ao fato de que, baseado em pesquisas que havia lido, essa situação não iria se resolver em 3 semanas e nem 3 meses. Fui muito criticada e acredito que até hoje seja, porque muita gente não acredita no impacto desta doença, mesmo depois de mais de 2.5 milhões de mortes ao redor do mundo e de muitas pessoas infectadas e com sequelas, incluindo crianças.

A tão sonhada vacina chegou em tempo record e trouxe esperança. Eu nunca duvidei da sua eficácia porque foi resultado da união da comunidade científica do mundo todo, que encontrou uma resposta rápida e de maior alcance a uma das maiores emergências de saúde global na história da humanidade. Mas junto da vacina chegaram os desafios: vacinar o mundo todo de uma vez, pessoas que não acreditam que a vacinação é eficaz e as variantes do vírus, trazendo muita dúvida na comunidade científica sobre sua gravidade e até mesmo (re)contágio. Eu confesso para vocês que muitas vezes passo dias e até semanas sem ler nada sobre o assunto – e por ler eu digo artigos científicos e não notícias de jornais – mas sempre que eu leio eu fico um pouco desanimada. O meu desânimo maior é certamente com as pessoas, que não conseguem entender a gravidade dessa situação e, mesmo depois de DOZE MESES, continuam não acreditando que a vida não voltará ao normal se comportamentos não forem mudados e o respeito ao próximo não for colocado acima dos seus próprios interesses.

Eu não sei quando isso vai acabar, mas eu sei que não será logo. Ainda temos um longo caminho a percorrer mas espero que este último ano tenha feito você refletir em como a vida é frágil, em como as relações com as pessoas próximas são importantes, em como devemos pensar no coletivo para vivermos bem e em como não precisamos de muito para sermos felizes. Eu aprendi MUITO neste ano cheio de restrições e embora queira alcançar muitos objetivos na minha vida eu só penso em agradecer pela minha saúde e das pessoas que eu amo.

Eu não gosto de falar negativamente sobre o último ano e também não gosto de comparar situações. Todo mundo perdeu alguma coisa: algumas pessoas perderam o emprego, outras pessoas a saúde, outras um ente querido. Mas tiveram algumas coisas que TODOS nós perdemos, de uma maneira ou outra: liberdade, momentos e memórias ao lado daqueles que amamos, abraços e beijos, perdemos de conhecer pessoas que passaram pelo nosso caminho e que poderiam ter impactado nossa vida, mudamos sonhos e algumas vezes perdemos a esperança. Mas ganhamos MUITA COISA: ganhamos tempo com nossos filhos, ganhamos conhecimento, ganhamos mais tempo na nossa casa, ganhamos uma visão nova sobre o mundo e o que não conseguimos controlar, ganhamos um senso de comunidade que certamente nunca teríamos alcançado se não tivéssemos passado por isso. Espero que você consiga achar “ganhos” com esta situação e que esse pensamento positivo te faça seguir em frente até quando esta situação passar porque, apesar de não saber quando, eu sei que vai passar…

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