Com a chegada da vacina e uma melhora considerável no número de casos de coronavírus a pergunta é inevitável: quando vocês irão para o Brasil ver a família? Estamos há 2 anos sem encontrá-los – nunca ficamos tanto tempo sem ver eles – e nada melhor do que o Natal para matar a saudade que aperta no peito. Nesta época eu e meu marido temos recesso no trabalho por aproximadamente10 dias e as crianças estão de férias da escola, então seria o momento perfeito de unir a data especial, a “melhora”na pandemia e as férias para encontrar a família…. mas conversando muito achamos que não será a hora de ir para o Brasil.
Eu sou uma pessoas extremamente cautelosa. Sou alegre, gosto de passear e curtir a vida, mas faço isso com cautela. Também sou uma pessoa reservada e raramente vocês irão ler eu falando do que me chateia ou me preocupa, porque eu não gosto de expor a minha opinião sobre todos os assuntos, especialmente assuntos polêmicos e que geram debates. A pandemia me deixou ainda mais cautelosa e preocupada. Ela realmente mexeu comigo e me fez pensar sobre todos os atos que eu tomo e o impacto deles não só na vida dos meus filhos mas na sociedade como um todo. E quando pensamos em viajar para encontrar a família no Natal eu coloquei tudo na balança e achei que agora não era o momento.
Eu vejo as pessoas fazendo festa e vivendo normalmente no Brasil e eu tenho um misto de sentimentos, que eu não irei expor aqui. O que eu posso dizer é que eu não iria me sentir bem estando em um lugar onde as pessoas vivem como se a pandemia tivesse passado, porque na minha opinião não passou. Claro que não podemos generalizar e achar que todo mundo está vivendo assim, mas eu sempre me choco com os casamentos e festas de centenas de pessoas em um mundo onde um vírus altamente transmissível ainda está presente. Eu, Gabriela, ainda não vivo como se tudo estivesse voltado ao normal e eu sei que se eu fosse para o Brasil o meu pensamento iria chocar com o de muitas pessoas e isso não iria me fazer bem.
A idéia de ficar em um avião fechado com 2 crianças pequenas que não iriam conseguir ficar de máscara por 10 horas seguidas também me deixou apreensiva. Talvez se eu não tivesse filhos eu já estaria no Brasil a esta hora (ou não?), mas eu tenho dois pequenos que ainda não estão fully vaccinated (embora Thomas já tenha tomado uma das doses) e não achei que o risco para ir para o Brasil valia a pena. Não agora. Não com tanta incerteza diante de uma nova variante que ainda é desconhecida e que parece afetar crianças de uma maneira mais agressiva. Não quando tudo está bem e, embora estejamos com saudade, a viagem não é necessária e de urgência. Além disso tudo, as crianças aqui de Ontário que voltam de viagens internacionais precisam ficar 14 dias em casa e no meu trabalho eu também teria restrições para voltar. O início do ano é SUPER agitado para mim e eu não consigo parar e tirar longas férias ou mesmo ter os dois meninos duas semanas em casa e fora da escola. Isso também pesou na nossa decisão.
Final de ano é sempre uma época agitada em todos os lugares do mundo. Aeroportos lotados de pessoas que vem e vão para vários lugares do mundo. Então conversando com as nossas famílias decidimos que iremos esperar um pouco mais para nos encontrarmos, evitando esta época movimentada nos aeroportos. A decisão já tinha sido feita antes do anúncio da nova variante, mas depois dela tivemos ainda mais certeza que esperar é o melhor para a nossa família e para o que acreditamos.
Nosso Natal será especial, mesmo que mais uma vez a gente passe em casa, só nós 5. Será um Natal nevado (porque aqui só neva, meu Deus), será o primeiro Natal aqui no norte, será o primeiro Natal da Ella e, mais do que nunca, será um Natal de agradecer por mais um ano de saúde diante de tanta incerteza. Iremos aproveitar os dias de folga para descansar e recarregar as energias para o novo ano. Iremos passear por Ontario – se não houver restrições até lá – e curtir os dias sem compromisso e horário. 2021 não foi um ano fácil mas eu fico feliz que ele esteja acabando melhor do que começou, mesmo que com muita saudade.
Me conta, você vai viajar no Natal ou ainda não se sente seguro?