Eu não acredito que minha licença maternidade está acabando na semana que vem e que estarei voltando ao trabalho sendo mãe de dois meninos (e um cachorro, não posso nunca esquecer de Jojoe). Fato é que eu estou muito sensível esses dias, pensando em tudo que está acontecendo e resolvi abrir meu coração e escrever este post. Um post que certamente irá ajudar muitas mães que acham que ter o segundo filho é fácil, porque já passaram por tudo pela primeira vez.
Eu era uma dessas mães e achava isso. Achava que seria muito fácil passar pelas noites mal dormidas, pelas fraldas explosivas, pela introdução alimentar, pelo treinamento de sono… eu achava até que meu segundo filho seria mais fácil e iria se desenvolver mais rápido pois estaria em contato com outra criança – no caso o irmão – e iria aprender muito com ele. Mas eu não me dei conta que todos somos diferentes e o Ian é MUITO diferente do Thomas. Também não me dei conta que este segundo bebê tem um título que o meu primeiro filho não tinha: little brother. Isso mesmo: Ian é o irmão mais novo e isso me mostra que tenho novos desafios para alcançar, porque eu não irei focar somente nele – afinal, tenho uma outra criança para cuidar e controlar sentimentos novos que não estavam lá quando o primeiro filho nasceu, como ciúme, birras, falas altas quando o irmão pequeno dorme, e por ai vai. Tudo é novo, de novo.
O que realmente acontece quando o segundo filho chega? Bem, eu poderia dizer que a dinâmica familiar muda, drasticamente. Antes o Thomas estava dormindo e a casa parava. Era um silêncio completo para que ele não acordasse. Hoje o Ian dorme e temos uma criança de quase 4 anos super energética que tenta correr e pular – e nesse meio tempo pais fazendo de tudo para que ele não acorde o irmão. Antes eu preparava a comida do Thomas separada e tinha sempre uma variedade enorme de vegetais e cores no prato. Hoje eu tenho que encontrar uma saída para que todos comam bem em casa, afinal são duas crianças – e um cachorro – para alimentar. Tenho sorte que Ian come de tudo e quer comer com as mãos, então não preciso preparar nada diferente para ele. Antes os brinquedos de casa eram todos de uma criança. Agora temos dois em idades diferentes: diferentes gostos, diferentes etapas, diferentes brinquedos. Antes tínhamos que nos preocupar com o horário de uma criança; agora, são duas.
Alguns pontos que eu anotei e gostaria de falar sobre ter dois filhos com vocês. O primeiro deles é o ciúme entre os irmãos. Assim que tive o Ian muitas pessoas me perguntavam se o Thomas estava sentindo ciúmes e eu não entendi o porquê, já que achava que ele não tinha. Mas com o tempo percebi que o Thomas estava mudando, querendo chamar a atenção, fazendo coisas que não fazia antes. Tudo por causa do ciúme. Um ciúme comum de acontecer e que tentamos controlar todos os dias. Não é fácil e temos que nos policiar para não protegermos o bebê e questionarmos tudo que o Thomas faz. Já está bem melhor – e acho que irá melhorar muito assim que o Ian crescer e aprender a falar – mas já estou me preparando para as brigas e desentendimentos, que parecem ser comuns em vários estágios da vida de irmãos.
Uma outra coisa que acontece quando temos um outro filho é a falta de espaço. Se com uma criança acumulamos um monte de coisas, com duas é algo absurdo. Junto isso ao fato de que os dois são meninos, então tudo que não serve para o Thomas eu guardo para o Ian, mas ele vai demorar ainda alguns anos para usar. E pense que eu moro em uma townhouse, que não é muito grande. Nossa sala de estar virou uma sala de brinquedos e meu guarda-roupa um depósito de roupas. Eu me desfaço de coisas quase que semanalmente, mas mesmo assim acumulo outras tantas.
Um outro ponto que eu preciso citar aqui é super importante: dinheiro. Ter mais um membro na família exigiu muito planejamento financeiro porque cada membro da família gera mais gastos, especialmente agora que o Ian começou na creche (irei contar para vocês sobre esta experiência em breve). O governo Canadense ajuda com incentivos – clique aqui e leia mais sobre isso – mas mesmo assim precisamos de planejamentos anuais para ter certeza que conseguimos dar conta de todos os gastos que ter duas crianças envolve.
E por fim é importante falar sobre mim e o meu tempo. Porque agora tenho que dividir as 24 horas do meu dia entre duas crianças, um cachorro, uma casa, um marido e, a partir da semana que vem, meu trabalho. Ah, tem o blog também. Escrevendo assim pode parecer impossível mas eu espero que esta transição aconteça da melhor maneira e eu consiga dar conta de tudo e tenha um tempo livre para mim, para eu fazer as coisas que eu gosto e para eu conseguir cuidar do meu corpo e da minha saúde.
Me contem quais foram os desafios que vocês tiveram com o segundo filho. Vou adorar ler um pouco sobre o que vocês passaram e tentar entender melhor o que está acontecendo por aqui. Espero que tenham gostado do meu texto e não deixem de ler outros textos de reflexão aqui no blog. Ah, a foto em destaque é da fotógrafa Maira Ribeiro.
Gaby como sempre adoro seus textos e me identifico demais com eles. Apesar de eu estar achando criar o meu segundo baby (4 meses) mais fácil (estou menos ansiosa, sei que tudo dará certo), ter dois filhos é desafiador demais! Para mim, o mais difícil é conciliar as necessidades dos dois (hora de soneca da baby bate com o horário do parque… museu da criança é ótimo para o mais velho e uma fonte de germes para os bebês… e por aí vai) e o ciúmes. Meu filho mais velho “aprendeu” que pegando na bebê chama a minha atenção imediatamente, então fico “tensa” pq os carinhos são muito brutos kkkkkkkk. Ter dois filhos é, sem dúvida, amor em dobro que transborda, mas é um trabalhão danado!
Oi Gabi! Ter o segundo filho também me surpreendeu em aspectos que eu não imaginava. E acredito q cada experiência seja diferente tb. Meu filho mais velho, por exemplo, quase não demonstrou ciúmes do mais novo logo q nasceu. Porém quando o mais novo começou a andar, pegar os brinquedos, falar – ou seja, a interagir mais conosco e tomar um espaço na casa – os ciúmes começaram a aparecer. Hoje (um com 4 e outro com quase 3) eles brincam juntos 50% do tempo e o outro 50% do tempo eles passam disputando brinquedos. Rsrsrs. E obviamente que eles querem o mesmo brinquedo sempre (tipo meu mais velho nunca se interessou por bolas mas como o pequeno gosta ele agora pega todas as bolas e quer brincar). Mas vejo aqui em casa q tem uma linha muito fina entre a briga e a construção da relação deles e acho q melhorou muito depois q eu comecei a ignorar um pouco, fazer vista grossa mesmo, mandando eles se resolverem entre eles.
Enfim, desejo q sua volta ao trabalho seja tranquila e que você se ajuste rápido a nova rotina. No início a gente sofre um pouco de saudade mas depois até que gostamos de sair de casa e ter uma rotina q não involve fralda de coco e brinquedo. ?