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10 razões para você nunca (querer) escrever uma tese de Doutorado – minha opinião

Estava remexendo a internet e achei este post sobre as 10 razões para você nunca escrever uma teste de doutorado. Achei interessante reescrevê-lo de uma maneira bem pessoal. Eu ainda não comecei a escrever a minha, mas um dos meus orientadores marcou uma reunião comigo na semana que vem para começar a organizar meu “proposal” (espécie de pré-projeto, ou pré-dissertação de Doutorado), o que mexeu um pouco com o meu conforto pessoal e mental. Em outras palavras – e quem me conhece sabe bem disso – estou SUPER nervosa!
Ai vai minha opinião sobre estas 10 razões (espero que vocês gostem):

1. A distância da família.
Essa razão é sem dúvida muito importante. Mas eu confesso que até agora nunca deixei de ficar com meu marido por causa dos estudos (até porque ele tem também várias coisas pra fazer e acaba trabalhando enquanto eu estudo). Sou super organizado e o horário da familia é sagrado. Não tenho filhos e isso deve ajudar um pouco, mas tenho meu cachorro Joe, que é um filho pra mim, e me espera pacientemente pra poder passear e brincar. Agora, se o Doutorado me fez vir pro Canadá – e isso é de certa forma verdade – então foi ele sim (e consequentemente a tal tese) que me fez ficar longe da família e amigos queridos do Brasil. E esses quase 2 anos separados – e ao mesmo tempo juntos, pois a gente sempre dá um jeito de rever a família – fazem com que a saudade nunca consiga ser matada.

2. Você fica mais burra(o).
Hehehehe… adorei esta razão e até concordo com ela. Meu marido sempre me fala que como doutoranda eu não deveria falar “aquilo” ou deveria saber sobre “isso”. Fato é que eu até tento, mas meu assunto e conhecimento estão limitados em educação do paciente, doenças cardiovasculares e reabilitação cardíaca. Eu até fiz uns workshops sobre política, economia e liderança, mas não adianta: meu horizonte está limitado à minha área de pesquisa (e umas fofocas de famosos, que eu adoro!)

3. Você vira uma alienada(o).
Hehehehehe… essa razão é ótima! Vou usar um exemplo pra vocês entenderem melhor: outro dia o marido veio perguntar sobre o que eu achava do acidente de trem que aconteceu aqui em Toronto (que feriu mais de 40 pessoas e matou 2) e que “todos estavam falando” sobre isso. Minha resposta foi: “Jura? Aonde?”. Ele não acreditou! Confesso: eu fico sabendo das notícias por meio do jornal METRO quando eu consigo espaço pra sentar no metro (que leva 20 minutos pra chegar na Universidade). Se por algum motivo eu não tive tempo de ler um artigo ou tenho que revisar algo para a aula ou reunião do dia, esqueço das notícias do dia. E não me perguntem sobre os filmes da semana, as últimas medidas do governo, sobre o que foi decidido na mais nova reunião da ONU ou sobre a crise na Europa…

4. Ninguém vai ler a tua tese de doutorado.
Bom, dai eu não sei. Acho que os artigos científicos que sua tese vai produzir as pessoas vão (sim) ler; mas sentar, com aquelas 200 páginas encadernadas em capa dura (sim, aqui você também entrega uma cópia em capa dura), acho que nem os membros da meu comitê científico vão ler.

5.Você vira uma pessoa chata.
Ah, eu não acho essa razão certa. Eu me acho legal! Apesar de que sei que vai chegar um ponto em que eu só vou querer falar e respirar sobre minha tese, e ai quero ver quem vai querer saber e discutir o assunto comigo. E tem o fato que meu marido me acha chata quando eu tenho algo muito importante para fazer/estudar. Ele diz que quer distância até eu finalizar aquilo (vamos ver no período de escrever a tese).

6. As pessoas se frustram com o teu (parco) conhecimento.
Isso é verdade! Todo mundo acha que por você estar cursando um Doutorado deve saber tudo na sua área. Eu estudo doenças cardiovasculares, e várias pessoas vem me perguntar sobre exercício e o que fazer depois de uma cirurgia, por exemplo. Minha área de pesquisa é enormeeee e existem várias vertentes de conhecimento. Além disso, o legal do Doutorado (sim, usei a palavra legal) e que você não é (nunca) a dona da verdade e aprende que tudo é relativo e precisa ser questionado, avaliado, testado e validado. Inclusive eu ADORO validar instrumentos (mas se eu começar a escrever sobre isso vou virar uma pessoa chata como já disse a razão número 5!).

7. Não sobra tempo para cuidar de você.
Depende do ponto de vista: digamos que o tempo fica reduzido, mas que a gente se cuida menos é verdade (se bem que enquanto escrevo agora no blog estou fazendo uma hidratação maravilhosa no cabelo). O bom de morar em Toronto é que o pessoal não liga muito pra visual como no Brasil e tem gente, por exemplo, que anda até de pijama na rua.

8. As tuas costas ficam destruídas.
Como fisioterapeuta eu posso afirmar que isso acontece com todos os alunos de pós-graduação e graduação. Na verdade, todo trabalho que vc se dedicar e ficar horas na frente do computador ou deixar de fazer exercicio pra se dedicar vai fazer com que suas costas fiquem destruidas. Triste, mas fato.

9. Os (des)encontros com a(o) (des)orientador(a). Você passa meses a fio escrevendo, re-escrevendo, deletando, revisando um capítulo e quando, triunfante, consegue um horário com “Vossa Majestade”, os comentários são, geralmente, críticos. Nenhum orientador elogia.
Isso é verdade em parte, pois eu trabalho na sala ao lado do meu orientador e sempre arranjo um jeitinho de falar/encontrar com ele (no corredor, na cozinha…). Pra mim as críticas e comentários são importantissimos e se ele falar que está tudo bem eu não me sintiria bem. Comentarios (produtivos) são essenciais. Ainda mais quando se escreve em outra língua que não a sua nativa.

10. A vida!
Ta ai uma razão que eu não concordo. Pra mim estar fazendo o Doutorado é parte da vida (e isso inclui ficar alguns meses escrevendo a tese), e quando eu estiver me formando em 2014 (ou 2015, a gente nunca sabe quando acaba) eu sei que todo o esforço valeu a pena (afirmação redundante, mas fato!). Estar vivendo esta experiência me faz bem e faz minha vida valer mais!

13 comentários em “10 razões para você nunca (querer) escrever uma tese de Doutorado – minha opinião”

  1. Adiciona uma aí, Gaby: Perder Carnavais!!! hehehe. Tu jeito que tu é organizada, não vais passar por nenhuma delas, tenho certeza!! Bjs!!

  2. hahahahaha adorei o post!!! morri de rir e muita coisa é a mais pura verdade!
    no meu caso o negócio é mais simples, é uma dissertação, mas já passei por várias dessas razões. Concordo fortemente com: Você fica mais burro e Você vira um alineado! Isso é fato! Eu só leio livros na minha área, só leio artigos e matérias no assunto com que trabalho, o foco é 100% para isso. Já fiz até uma lista de livros que quero ler depois do mestrado.
    Com o 4 eu não sei, talvez as pessoas leiam para tomar como base para futuros trabalhos. É o que a gente espera, né? hehehe
    Com a razão 9, do (des)orientador eu discordo totalmente! Minha orientadora me vê toda semana desde meu primeiro dia no mestrado, ela é pontualíssima e de uma organização fenomenal. Ela tem 14 orientandos (tcc, mestrado e doutorado) e dá 100% de atenção a todos, não posso reclamar dela de jeito nenhum, é uma mãe acadêmica, sem dúvida.
    Mas acho que faltou uma razão, pelo menos para mim: perder muitas noites de sono. Isso tem acontecido muito comigo, principalmente agora que estou escrevendo. Eu tô naquela fase que não durmo porque preciso escrever e não escrevo porque preciso dormir! hahahaha O maior problema para mim não é não ter tempo para cuidar de mim, ficar com a família etc, isso eu sempre consigo, mas o sono sofre! E muito! Contigo não, Gaby?

    Mas adorei o post, é muito bom!!!
    Beijão

    1. ADOREI seu comentário Lê, e parabéns pra sua orientadora! Um membro da minha banca, que me co-orienta é assim. Eu tenho 2 orientadores que sempre estão ai quando eu preciso… e isso é muito bom! Mas não esncontro muito eles não, só quando tenho algo importante e preciso da ajuda deles.
      Sono eu não perco não… a gente dorme cedo aqui, 10h-11 no máximo já estamos na cama. O dia começa cedo e sem sono eu não sou ninguém! E a formatura, como foi? Quero fotos!
      Beijos e saudades!

  3. Como eu curto o seu blog amiga!! Adorei seus comentários pessoais sobre o 10 pontos! No final, a gente ver que cada etapa do doutorado vale muito à pena. É uma oportunidade única de crescimento!!
    E graças a Deus, eu reecontrei o prazer de estudar e desenvolver meu projeto! Acho que vamos defender no mesmo ano heim?! 🙂
    Bjs e saudades docê guria!!

  4. Gabi! adorei! Realmente somos muito parecidas! Eu me matei de rir com o “eu acho que sou legal” (gente louca de pos fala isso kkk brincadeira) e também do “enquanto escrevo faço hidratação” kkkkkkkkkk

    Fato é que não importa se é tese, dissertação, tcc, projeto para impresa, organização da casa, entrega de alguma atividade para os outros ou para si mesmo… eu compartilho muito tua opinião e acho que quem faz nossa vida SOMOS NÓS! Se eu quiser levar uma vida estressante.. é uma escolha. FATO é que se você faz o que gosta do que faz…. acordar de manha para dar aula, escrever artigos, procurar artigos, VALIDAR instrumentos (rss) é a mesma coisa de quem acorda de manhã para ir a empresa e ficar o dia todo fazendo ligações, vendendo produtos…

    Não importa o que você faz..apenas ame o que for fazer e se não amar desfrute da vida depois do expediente 😉

    SAUDADES IMENSAS! Amo fofocas de famosos!

    bjjjjjjjjjjjjjj

  5. Tão legal ler este texto agora e já ter lido que você concluiu seu doutorado de forma maravilhosa. Você é uma mulher muito batalhadora, queria ter 15% desse seu empenho todo, invejinha branca da sua “nerdisse”. kkkk Beijos lindona

  6. Mais do que nada, estudos universitários sao exercícios para o cérebro. Um diploma universitário não significa que eles super inteligente, De facto, o beneficio maior de estudos universitários e quer nos ensina como pensar. A gente aprende como articular uma idea.

  7. Ana Paula de Carvalho Silva

    Adorei, ainda que algumas coisas comigo sejam diferentes. Uma das coisas que difere em minha experiência é que, enquanto estou imerso no estudo, minha família muitas vezes pensa que não estou fazendo nada; a casa parece simplesmente aguardar minha atenção para todas as tarefas. Quando trabalhava em período integral fora de casa, a dinâmica era mais funcional e democrática. No entanto, agora que estou envolvido no doutoramento, tudo parece ter mudado. O doutoramento é uma jornada inédita, exigindo autenticidade, o que é ótimo, mas não posso ignorar a solidão que frequentemente acompanha esse processo.

    Você está correto ao mencionar que a ida à universidade geralmente se resume a interações com o orientador e, a menos que haja necessidade de trabalho laboratorial, as oportunidades de interação social são limitadas. Isso pode levar ao isolamento, especialmente quando comparado ao ambiente mais dinâmico e social das rotinas anteriores. É como se o foco tivesse mudado das interações diárias para uma busca interna profunda, uma mudança que, certamente, traz desafios… principalmente quando se trata da solidão! Essa solidão não é apenas física; em muitos casos, é uma sensação de impotência misturada com dúvida sobre a própria competência. Isso não é verdade, pois se não fosse competente, você não estaria enfrentando esse desafio. Mesmo assim, essa solidão atípica persiste.

    Além disso, compartilho do seu sentimento de desconexão com a área acadêmica após anos de experiência prática. A constante evolução de métodos e ferramentas pode ser desconcertante, especialmente na engenharia, onde as tecnologias e abordagens estão em constante mudança. A falta de orientação clara desde o início pode levar qualquer um a se sentir perdido em meio a esse novo cenário.

    Meu desafio inicial é um artigo, algo que meu plano na universidade antecede, porém, um artigo não deve ultrapassar 20 páginas, enquanto o meu já excede 300. A tarefa de condensar esse conteúdo em algo mais conciso é verdadeiramente intimidante, e admito que estou enfrentando momentos de ansiedade intensa! Especialmente quando penso na quantidade de informações valiosas que desejo incluir, mas que inevitavelmente terei que suprimir. A ansiedade é real!

    Lembre-se de que você não está sozinho nessa jornada; muitas outras pessoas estão enfrentando desafios semelhantes e existem recursos disponíveis para ajudar. Somos várias solidões com sentimentos interligados.

    Desejo a você sucesso e coragem para continuar avançando, mesmo nos momentos de incerteza. Sua determinação e esforço não passam despercebidos, e tenho confiança de que você superará esses obstáculos e encontrará a clareza e a realização que busca. Sucesso!!!

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