Hoje é dia de Mães no Canadá aqui no blog – e nas outras redes sociais das participantes do projeto, descritas no final deste texto – e eu acredito que o tema, pré-definido em janeiro, caiu como uma luva para a situação que estamos vivendo em todo mundo. E eu vou tentar colocar em palavras todos esses sentimentos em uma semana que, confesso para vocês, não está sendo nada fácil.
Em primeiro lugar quero falar que meu objetivo sempre foi criar filhos que sejam cidadãos do mundo e é essa uma tarefa quase que diária, pois influencia vários aspectos da nossa vida. Eu vejo nesse tipo de educação uma importância enorme, pois vejo cidadãos do mundo como pessoas que possuem uma profunda conexão com a comunidade em geral, local e globalmente. Acho que crianças de mães expatriadas já estão um passo a frente neste processo, mas é importante os pais estimularem e sempre buscarem alcançar esta visão crítica do papel dos nossos filhos na nossa sociedade tão diversa. Eu já escrevi sobre o assunto neste post aqui e reinforço para vocês: o principal motivo de eu gostar tanto de morar em Toronto é sua multiculturalidade e a facilidade que eu tenho de poder mostrar as diferentes culturas e o respeito que devemos ter por todas elas para meus filhos.
Acho muito importante entender que criar filhos “cidadãos do mundo” não quer dizer que estas crianças irão viajar e conhecer diferentes culturas. Esse pode até ser uma das etapas, mas certamente não a principal. O essencial nesse processo é entender e respeitar as diferenças, ensinando nossos filhos a serem indivíduos mais gentis, compassivos e inclusivos. também busco despertar a responsabilidade sobre a comunidade desde pequenos, para que desde agora eles entendam que somente quando todos trabalham juntos e entendem a importância dos seus atos o mundo se torna um país melhor. E sim, qualquer semelhança com a atualidade é mera coincidência.
Se você ler meus parágrafos anteriores pode achar difícil alcançar estes objetivos em qualquer pessoa, o que dirá uma criança. Mas são as crianças as mais fáceis de aprenderem. E é desde a infância que temos sim que ensinar este respeito, moral e empatia que queremos que eles tenham, para fazerem realmente a diferença neste mundo louco que vivemos. Eu sinto que são os cidadãos do mundo que fazem a diferença na vida de todos, e não aqueles que vivem no seu mundo e não se importam com nada além do que está embaixo do seu teto. Eu quero que meus filhos pensem além, assim como eu penso.
Além dos benefícios citados acima eu acredito que criar indivíduos que serão cidadãos do mundo irá trazer muitos outros benefícios para eles. Alguns desses benefícios são os seguintes: maior sociabilidade (porque eles se sentirão confortáveis em diferentes grupos e com diferentes culturas), melhora na educação e aprendizado (devido à curiosidade sobre a vida) e empatia e compaixão com o próximo, o que certamente tornará seu filho um amigo muito especial.
Agora você irá me perguntar: o que será que eu faço para isso? Na verdade não há nada extraordinário ou cursos que seu filho deverá fazer. Os ensinamentos são simples. Em primeiro lugar, apesar de viajar não necessariamente ser o que tornará seu filho um cidadão do mundo, eu sempre gostei de viajar com eles. E a viagem sempre vai além das atrações turísticas e locais famosos: a viagem explora o parquinho do bairro onde estamos hospedados, a loja de livros locais, as pessoas sentadas na praça e as características que fazem aquele país único (incluindo seus problemas). E vale falar que antes de irmos em um destino eu gosto de mostrar fotos ou comprar guias de viagem para ir estimulando essa curiosidade e vontade de conhecer lugares novos, sempre destacando que nem todos tem esse privilégio de viajar tanto quanto nós.
Uma outra coisa que eu acho importante é o falar outra língua. Temos sobre que nossos filhos estão sendo criados bilíngues e poderão se comunicar com mais pessoas, porque irão falar o Inglês e o Português (e quem sabe o Francês). O bilinguismo é super importante para cidadãos do mundo e explicar para os filhos desde pequenos sobre as diferentes línguas e a importância deste “presentes” que os pais expatriados deram para eles é algo importante neste contexto.
Material educativo sobre o assunto ajuda muito. Livros sobre diferentes culturas, gostos, raças são uma ótima maneira de mostrar para nossos filhos de uma maneira didática a diversidade do mundo e como isso é maravilhoso (e curioso). Se você mora em Toronto (e acredito que em várias partes do Canadá) você ainda tem a oportunidade de viver esta multiculturalidade na prática, em todos os lugares. Converse com seu filho, mostre como todos vivem bem no país que ele nasceu (mesmo com diferentes crenças) e como é importante este respeito para todos viverem bem.
Por fim, acho importante focar no ensino sobre respeito, empatia, igualdade e diversidade. Eu gosto mundo de aproveitar cada oportunidade que tenho com o Thomas e destacar essas características. Eu poderia citar aqui vários exemplos, mas um vem na minha cabeça sobre diversidade e eu gostaria de descrever aqui. Quando Thomas tinha 3 anos ele já se enturmava muito na creche, sempre feliz e repleto de amigos. Todas as vezes que eu ia pegar ele na escola os amigos vinham e eles ficavam contando o que fizeram, muito animados. Todos, exceto uma menina. Ela ficava no cantinho, quietinha. Um dia fui conversar com ela e ela não respondeu. A cuidadora falou que ela não falava direito e eu notei que tinha um atraso de desenvolvimento. Naquela noite conversei com Thomas sobre ela e perguntei qual era a brincadeira que a menina mais gostava. Ele não soube responder, disse que não brincava com ela. Que ninguém brincava com ela. Eu respirei fundo e conversei com meu filho. Falei que nem todos era iguais mas que ela era uma criança e que crianças gostam de brincar. Tentei colocar ele naquela situação e que ele certamente ia ficar triste se nenhum amigo quisesse brincar com ele. Ele pensou e não consegui saber se ele tinha entendido tudo. Mas deixei nisso e fomos dormir. Eu não forcei nada e durante alguns dias perguntava se ele havia brincado e ele me observava e não respondia. Depois de alguns dias eu fui na creche e vi a menina brincando com todos. Thomas olhou para mim, veio correndo e me falou “mamãe, a [criança] gosta de brincar de puzzle“. Eu lembro até hoje do olhar dele ao falar aquilo. E até hoje, sempre que ele vê uma criança no canto, ele olha para mim e se vira para aquela criança perguntando o que ela gosta de brincar, não importa a idade, cor ou cultura.
As fotos lindas individuais dos meninos foram tiradas esse mês pela Licaflor Photography. A foto dois dois juntos foi tirada em fevereiro pelo meu marido quando fomos em um hotel perto de Toronto. Espero que tenham gostado do tema e não deixem de visitar as redes sociais das outras mães brasileiras que moram no Canadá para saber o que elas tem a dizer sobre o assunto.
Alessandra (Bathurst, NB) | Canadiando
Amanda (Richmond, BC) | Viva Canada
Beatriz (Vancouver, BC) | Biba Cria
Carol (Ottawa, ON) | Fala Maluca
Carol (Mississauga, ON) | Minha Neve e Cia
Cassandra (Vancouver, BC) | Canada.br
Danielle (Toronto, ON) | Vidal no Norte
Livi (Toronto, ON) | Baianos no Pólo Norte
Mari (Calgary, AB) | De Bem Com a Vida
Musa (Toronto, ON) | Mamãe Musa
Nayara (East Gwillimbury, ON) | My Family no Canada
??????????
Aí Gaby que linda narrativa ❤
Liiiindo demais! Estou sempre por aqui acompanhando suas histórias, mas não pude deixar de comentar nessa. Adorei a história da menina. O coração de mãe derrete ao ver uma cena dessas né?! Parabéns e saúde pra vocês!! <3