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Sem rotina, com amor

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No feriado do Civic Holiday que aconteceu no início deste mês nós viajamos para a província de Newfoundland e Labrador – e eu vou contar tudo para vocês aqui no blog, aguardem. No último dia de viagem notei que o Thomas estava com umas pintinhas grandes no rosto, mais concentradas perto da boca. Não dei muita bola porque Thomas tem a pele bem clara e qualquer mordida de mosquito ou apertão na pele o deixa assim. Mas no vôo de volta para Toronto notei que aquelas pintinhas estavam aumentando e ficando com aspecto feio, infectado mesmo. Chegamos de viagem em Toronto na terça de manhã e o plano era deixar o Thomas na creche e ir trabalhar direto, já que estou no final de um grande e super importante projeto no meu trabalho. Eu sabia que as cuidadoras não iriam aceitar ele assim e que ele teria que ter um certificado de um médico dizendo que estava ok. Então ao invés de ir trabalhar levei-o para uma Walk-in Clinic e veio o diagnóstico: Thomas estava com Hand-Foot-and-Mouth Disease.

Hand-Foot-and-Mouth Disease é uma doença bem comum entre as crianças por aqui (mais comum entre crianças com menos de 5 anos), causada pelo enterovirus. A doença é caracterizada por febre alta nos dias que antecedem o surgimento das lesões de pele e aparecimento de ulcerações na boca com bolhas nas palmas das mãos e pés, que podem também ocorrer nas nádegas e região genital. O contato acontece com secreções de pessoas contaminadas e não há tratamento, apenas tratar os sintomas e esperar a melhora, que acontece em 7 semanas geralmente. Thomas não apresentou febre alguma e as únicas ulcerações que apareceram foram ao redor da boca, não perdeu o apetite (o que é comum por causa das feridas da boca) e no geral estava disposto, mas bem mais irritado e manhoso que o normal.

Durante a consulta o médico falou que Thomas deveria ficar pelo menos 2 dias em casa, mas que o ideal seria mantê-lo até a próxima semana. Eu parei por um momento pois não sabia como iria fazer. Meu marido já havia me falado que estava com a semana cheia e eu também sabia que teria muito o que fazer. A gente não tem família aqui e o Thomas depende exclusivamente de mim e do meu marido. A nossa rotina é super certinha e coordenada: ou eu ou meu marido deixamos o Thomas na creche às 8am e geralmente eu vou buscá-lo às 5pm. Meu filho fica 9h por dia na creche e eu evito pensar nisso para não me chatear. Com a correria das últimas semanas – com viagens e muito trabalho – confesso que havia dias que eu pegava ele até mais tarde. A gente tenta aproveitar demais as 2h que ficamos com ele pela manhã (sim, ele acorda 6am) e as horas que ficamos com ele à noite. E os finais de semana são os dias mais felizes, que podemos passar o dia todo juntinhos, observando toda a evolução que Thomas teve durante a semana e tudo que ele aprendeu.

Cheguei em casa e comecei a desmarcar todas as reuniões. Tenho a sorte de poder trabalhar de casa e avisei meu chefe que iria trabalhar todas as noites assim que meu pequeno estivesse dormindo. Eu sou uma pessoa extremamente focada no trabalho e comprometida. Nunca perdi um deadline e meu chefe sabe que eu iria cumprir com o que estava falando. E foi assim que aconteceu: trabalhei durante a soneca da tarde do Thomas e durante às noites, depois que ele ia dormir. Não foi uma semana muito produtiva mas também não foi uma semana totalmente perdida, pensando no assunto trabalho.

Mas o que eu quero mesmo falar para vocês é sobre a relação mãe e filho e como esta semana foi boa para mim. Eu voltei a trabalhar quando o Thomas tinha quase 11 meses e de lá para cá a gente ficou sim muitos dias juntos, só nós dois, mas a maioria deles com algum compromisso ou viagem envolvida. Mas nesta semana a gente ficou em casa, curtindo mesmo a companhia um do outro, e agora que o Thomas já está mocinho e interage mais comigo foi maravilhoso poder dedicar todas as horas do meu dia a ele. Foi gratificante. Foi maravilhoso.

Como a Hand-Foot-and-Mouth Disease é contagiosa eu não queria que ele passasse para nenhuma criança, então não fomos a nenhum parquinho ou shopping. Também não queria que ele pegasse sol no rosto, para não ficar com a pele marcada. Nossos dias foram em casa, com muitas atividades e muitas brincadeiras que eu sempre quis fazer com ele, mas nunca tinha tempo para isso. A gente deitou no sofá e cochilou juntos, almoçamos com calma, tomamos banho demorado juntos de banheira e conhecemos ainda mais um ao outro. Nos últimos meses eu estava tão focada no trabalho que precisava desta “folga” e desta semana “em casa” (porque sempre que estamos de folga estamos viajando) e “sem rotina” para refletir sobre meus objetivos de vida. E o que me deixa mais feliz é estar com meu filho, vê-lo bem e poder me doar por completo para ele. E foi isso que esta semana sem rotina mas com amor pode me ensinar. E que semana!

A foto que ilustra este post foi tirada em um dos almoços desta semana. Thomas de pijama desenhando e colocando muitos adesivos depois de comer muito em um restaurante aqui perto de casa. Sim, as poucas vezes que ele saiu de casa ele foi de pijama mesmo. E esta foi a única foto que bati esta semana, pois quis mesmo curtir o meu bebê e ficar juntinho sem me preocupar com fotos ou outras distrações. Deu certo.

6 comentários em “Sem rotina, com amor”

  1. Fico impressionada com a leveza como vc leva a maternidade. Parabéns! Também sofro em pensar que minhas filhas passam 8 hrs por dia aos cuidados de outras pessoas, mas procuro ver o lado bom disso tudo. Elas estão aprendendo, brincando, comendo bem, socializando, enfim… às vezes penso que se ficassem em casa direto comigo eu mesma não conseguiria suprir toda a necessidade de estímulos e atividades que elas necessitam. Foi um privilégio poder ficar de licença durante o primeiro ano de vida delas. Mas sem ajuda (família e funcionários) por aqui, confesso que estava louca para ter um pouco do meu tempo de volta. Foi até estranho nos primeiros dias… fiquei literalmente meio perdida hahaha. Essa coisa de doença/creche é inevitável e todos os pequenos passam por isso. Também é muita sorte podermos nos planejar para ficarmos com eles nessas horas né? Mas do fundo do meu coração de mãe de gêmeas de 15 meses: não vejo a hora de elas crescerem um pouco e as coisas ficarem mais controláveis hahaha. Estou cansada desde o dia em que nasceram e às vezes parece que não vou descansar nunca mais hahahaha. Como eu queria uma vovó/titia/madrinha por aqui para poder tirar uma folga! Por enquanto, só a creche me salva! (sorry pelo desabafo!)

    1. Obrigada pelo recado Fernanda. Não sei como seria se tivesse gemeos como vc. Eu não me sinto cansada mas preciso sim de momentos só meus, e tenho eles geralmente à noite e no trabalho. AMO trabalhar e pra mim é ótimo poder continuar fazendo mesmo sendo mãe. Beijos e boa sorte

  2. Tadinho do Thomas Gaby. E é incrível como você consegue ver o lado bom em todas as situações, mesmo uma dessas com uma doença. Lindo de ver. Vc merecia mesmo ser mãe. Beijos

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