Eu não poderia escolher um título diferente para contar para vocês sobre a nossa viagem pela província de Prince Edward Island! Isso porque eu fiquei maravilhada com o que vi e vivi no local, e achei uma das províncias mais lindas do Canadá (não fui em todas mas já conheço 8 e posso dizer que já vi muita coisa neste país). Não estou falando de montanhas com picos nevados, lagos com água de cor esmeralda ou atrações turísticas incríveis… o que me deixou encantada com o local foi a sua simplicidade, ou a beleza da sua simplicidade. Suas cores, seus faróis, as plantações, o estilo das casas, os gados e cavalos, as árvores… tudo simples e bonito demais.
Nós ficamos na ilha 3 dias e não conseguimos fazer as 3 scenic drives do local – apenas duas e eu vou contar mais detalhes abaixo. Mas tudo que vimos foi lindo demais, e eu conto alguns detalhes neste post e mostro um pouco mais no vídeo que coloquei no início deste post, que está no meu canal do youtube.
Sobre PEI
Prince Edward Island é uma das 3 províncias marítimas do Canadá (juntamente com New Brunswick e Nova Scotia). É chamada de “Birthplace of Confederation” (ou o lugar onde a Confederação nasceu) pois foi em 1864 em sua capital Charlottetown que começaram as discussões de unificação das províncias do Canadá (neste edifício que está em reforma e eu coloquei a foto acima). A população de toda a província é de menos de 150,000 habitantes. Até 1997 a província era ligada ao resto do país apenas por ferries; depois desta data a incrível Confederation Bridge (com seus quase 13km de comprimento) abriu para fazer a ligação da província com o resto do país. A base da economia do local é a agricultura e para todos os lados que você olha você vê algum tipo de plantação. Vale falar que 25% das batatas do Canadá vem da ilha e por lá você até encontra o museu da batata. E enquanto você dirige pelas estradinhas locais há vários postos de vendas desta delícia, sem nenhum vendedor. Isso mesmo: você pega seu pacote de batata e paga o preço indicado (tão incrível ver que ainda existe confiança neste mundão). Mais de 90% das pessoas que moram no local falam inglês e todas as que encontramos e conversamos – sem exceção – foram muito simpáticas e receptivas.
Por onde chegar
Charlottetown fica a 1700km de Toronto e dá para ir de carro se você tiver muitos dias de férias. Como a gente foi para aproveitar apenas o final de semana prolongado o jeito foi voar para lá. Há 3 aeroporto onde você pode pegar um vôo direto saindo de Toronto: Charlottetown (a capital da província), Moncton (cidade na província vizinha de New Brunswick) e Halifax (em Nova Scotia). Nós chegamos por Moncton e voltamos por Halifax (neste caso porque nosso vôo voltando por Moncton foi cancelado, então dirigimos 2h para pegar um vôo saindo de Halifax). Das 3 cidades Halifax é o maior dos aeroportos, mas Moncton e Charlottetown também são opções.
Onde se hospedar
Quando nós viajamos a gente sempre busca se hospedar em algum lugar diferente. E em PEI não foi diferente. Eu procurei bastante e fiquei encantada com a Treetop Haven, que são acomodações completas (com sala, cozinha, quarto e banheiro) que ficam em decks de madeira com teto oval. As acomodações estão “próximas dos topos das árvores” e feitas para promover um retiro do agito da vida urbana e uma experiência autêntica com a natureza. E foi exatamente isso que tivemos: um lugar sem wi-fi onde conseguíamos ouvir (e sentir) o balanço das árvores e os sons da natureza. Eu ainda estou maravilhada com tudo que vivemos por lá e foi maravilhoso poder nos hospedar em um lugar tão incrível.
Há 5 acomodações (super concorridas – tem que reservar com uma super antecedência ou ter sorte como nós tivemos) e todas elas possuem nomes de aves locais. A decoração e o cuidado com cada detalhe é incrível. O deck possui cadeiras, bancos, churrasqueira e uma jacuzzi (que estava com água quentinha esperando pela gente). E vale falar que o hotel fica a 10 minutos da entrada da ilha e 45 de Charlottetown.
Scenic Drives
PEI é uma ilha fina e comprida, e por causa da sua forma irregular o local possui inúmeras baías e enseadas, o que é perfeito para encontrar estradas cênicas. Há 3 caminhos que você pode fazer para explorar as belezas da ilha: a North Cape Coastal Drive, a Central Coastal Drive e a Points East Coastal Drive. Cada uma delas é representada por um símbolo que está em placas por toda a ilha. É só seguir elas para fazer o trajeto. Aqui você encontra várias informações sobre estas estradas e um mapa interativo que pode te ajudar a entender os passeios.
Nós fizemos apenas duas destas estradas, a estrada central e a norte. A central é a mais comum e a que te levará às principais atrações da ilha, entre elas a capital, a região de Anne of Green Gables e o parque nacional de PEI. Eu achei a estrada linda, principalmente a sua parte mais sul, onde você pode ter vistas lindas do pôr do sol. A estrada norte é menos movimentada e ficamos maravilhados com os faróis (especialmente o West Point lighthouse, que é um hotel também), com as fazendas na beira do mar e com os milhares de moinhos de vento.
Atrações turísticas
Eu resolvi criar este subtítulo para falar um pouco de alguns lugares que fomos e gostamos na região, mas na verdade eu não acho que há muitas atrações turísticas na ilha; ou melhor, não procure por atrações turísticas mas explore a região e a natureza do local. Abaixo escreverei um pouco sobre algumas atrações, sendo que não fomos em todas porque não tivemos tempo e resolvemos visitar o local sem pressa.
Faróis: há 63 faróis em PEI e eu nem consigo lembrar de quantos a gente viu na estrada. O que eu consigo lembrar são os meus favoritos, aqueles que fizeram meu coração bater mais forte. O meu farol favorito na ilha foi certamente o do West Point, que é um dos símbolos da província. Ele fica na parte mais oeste da ilha, tem listras pretas e brancas e fica na beira da praia, dentro do Cedar Dunes Provincial Park. Como falei anteriormente ele é um hotel e certamente quando voltarmos para a ilha eu vou querer me hospedar por lá. O meu segundo farol favorito foi o Cape Egmont Lighthouse e dele você consegue ter uma vista privilegiada do pôr do sol. Aliás, o pôr do sol na ilha é uma atração a parte, não deixe de ver.
Um outro farol lindo que você encontra ali perto é o Seacow Head Lighthouse, que fica em um penhasco e pertinho dele há um outro farol menor. Por fim, eu adorei os faróis espalhados na ilha que possuem a folha do Canadá estampada, como o Covehead Lighthouse e o Victoria Seaport Lighthouse.
Por fim, o North Cape Lighthouse fica na ponta norte da ilha e nós também visitamos. Achei estranho a sua localização – no meio do cabo ao invés de estar mais próximo da costa – mas dai li (e entendi) que ele foi movido algumas vezes por causa da erosão no local. E vale falar que o farol mais antigo da ilha – datado de 1845 – é o Point Prim Lighthouse que é redondo, lindo e fica na parte leste da ilha, que não visitamos desta vez.
Charlottetown: é a capital e maior cidade da província, mas pequena com um pouco mais de 35,000 habitantes. Ela é extremamente charmosa e vale a visita. Entre as principais atrações do local estão a Providence House (a Assembléia Legislativa de PEI onde aconteceu a famosa reunião para tratar da Confederação das províncias – a assembléia estava em reforma e até achei que o edifício estava abandonado), a Basílica de St. Dunstan (igreja de 1907), o Victoria Park (com a linda casa do governador da província estilo “Casa Branca”), a prefeitura (prédio antigo de 1888), o Confederation Centre of the Arts (um espaço que tem museu, galeria de arte, biblioteca, restaurante e teatro), o Confederation Landing Park (um parque na beira do mar com pier, restaurantes e lojinhas) e a Beaconsfield Historic House (um museu com edificação vitoriana linda).
Confederation Trail: uma trilha de 435 km de extensão que percorre toda a ilha onde antes era uma estrada de ferro (abandonada em 1989). Há trilhas por todos os cantos da ilha, passando por lugares lindos e não acessíveis de carro. Nós não fizemos a trilha mas deu vontade, ainda mais que parte dela passava pertinho do nosso hotel. Para saber mais sobre a trilha e ver um mapa interativo clique aqui.
Confederation Bridge: a ponte de quase 13km que liga a ilha de PEI e o Canadá desde 1997 é sim uma atração da região. Eu adorei passar por ela (na ida mais do que na volta – explico abaixo o porquê) e nós ficamos procurando lugares ao redor para bater fotos dela e fazer filmagens. A ponte foi construída entre 1993 e 1997 e custou $1.3 bilhões de dólares canadenses. Ela é realmente grande e é considerada a mais longa ponte do mundo em águas congeladas. Para entrar na ilha você não paga nada, mas na volta esteja preparado para pagar C$46.50 por carro. Pedestres e ciclistas não são permitidos na ilha e há um shuttle que faz o trajeto por C$4.25 por pessoa ou C$8.75 por ciclista. Você demora em média 10 minutos para cruzá-la. Na base da ponte – do lado de New Brunswick – você encontra um centro de informações e uma vista mais próxima do local.
Praias: há 13 praias com supervisão e 10 praias sem supervisão e você pode conhecer todas clicando aqui. Simplesmente não dá para ir para PEI e não ir para a praia, colocar o pé na areia (vermelha) e na água (gelada) do local. Foi isso que fizemos. O clima estava friozinho (com máxima não passando dos 20C) e a gente não pode ficar na praia como queríamos. Mas, passeamos por Cavendish, North Rustico e Thunder Cove Beach. Esta última foi a mais incrível de todas – fica pertinho da cidade de Darlney – pois é a única da parte norte da ilha que possui uma geografia mais trabalhada (diferente das dunas de areia da região). A água do mar moldou a costa que possui cavernas e flowerpots, tudo extremamente lindo. Não levamos Jojoe – infelizmente – mas vale falar que a praia é ótima para cachorros pois é fora de parques federais e provinciais e as regras com coleira são mais tranquilas por lá.
Parques provinciais e nacionais: a ilha possui inúmeros parques provinciais (estes aqui) e nacionais (estes aqui). Nós só conseguimos visitar mesmo o PEI National Park. Eu fiquei louca de vontade de visitar o Greenwich Park, que possui trilhas sob as águas (infelizmente o parque ficava na parte leste da ilha, que não foi explorada por nós nesta viagem).
Anne of Green Gables: é um romance da escritora canadense L. M. Montgomery, publicado em 1908. Esta história de ficção narra o crescimento e as aventuras de Anne Shirley, uma menina órfã enviada (por engano) para uma fazenda em PEI. Lá, Anne conhece os irmãos Matthew e Marilla Cuthbert, que cuidam da menina durante boa parte de sua vida. Desde sua publicação, Anne of Green Gables já vendeu mais de cinquenta milhões de cópias e foi traduzido para 20 línguas. Há filmes e séries sobre a história também. Na ilha há um Heritage Site com a casa que foi baseada no livro e também há um museu (mais informações clique aqui). Eu não li o livro e não visitei o local – chegamos a entrar mas queria tanto visitar outras regiões (i.e. passear pela região LINDA ao redor do site) e estava tão lotado que eu pulei esta parte do passeio. Provei – e aprovei – os chocolates da Anne e também o “refrigerante de groselha” que é vendido na ilha com a fotinho da Anne. Fiquei curiosa para ler o livro e quem sabe depois dele eu não volte para a ilha para visitar esta parte com calma.
O céu: por não ter nenhuma cidade super grande – Charlottetown é pequena demais – o céu de PEI é mais estrelado e lindo. Se tiver a oportunidade saia na rua à noite e observe as estrelas.
Raposas: os animais selvagens mais comuns da ilha são as raposas e eu até vi reportagens falando que as raposas estão para PEI assim como os raccoons estão para Toronto. Infelizmente nós não encontramos nenhuma raposa e eu até procurei bastante. Li várias notícias antes de viajar falando que elas não estão necessariamente nos parques nacionais e que encontrar elas é relativamente fácil na província, incluindo nos centros urbanos. Mas eu não encontrei nenhuma, infelizmente.
Comidas
Pára TUDO: comer em PEI é maravilhoso. Sim! Lá você encontra muitos frutos do mar (ostras, peixes, mariscos, lagostas), frutas vermelhas, batatas e sorvetes divinos. Nem preciso dizer que eu e o marido amamos passar estes dias por lá – comendo – e que voltamos com uns muitos quilinhos extras. O primeiro lugar que comemos foi no Lobster Barn, um restaurante super aconchegante em um pier na cidadezinha de Victoria (e ali perto fica o Island Chocolates).
Um outro lugar que é super popular (e nós aprovamos) foi o Fisherman’s Wharf Lobster Supper, no Pier 15 de North Rustico. Neste restaurante você pode comer all-you-can-eat lobster chowder (sopa de frutos do mar com lagosta) e mariscos, além de saladas, acompanhamentos e sobremesa. Para quem curte cervejas a dica é a cervejaria e pub Gahan House em Charlottetown.
E obviamente não podemos deixar de falar no Sorvete Cows, que é um dos melhores que eu já comi e produzido na ilha. Mas além do Cows há várias sorveterias locais espalhadas pelas estradas – e os sorvetes são deliciosos. Muita informação sobre comida em PEI você encontra aqui.
O que você não pode deixar de ver ali pertinho
Seu objetivo de viagem pode até ser visitar PEI, mas na minha opinião você não pode deixar de visitar o Hopewell Rocks (na região da Bay of Fundy em New Brunswick), que é a região com as maiores marés do mundo. A Bay of Fundy é toda a baía que banha parte de New Brunswick e Nova Scotia e até um pedaço dos USA (estado do Maine) e é por causa do seu formato que ela possui a maré mais alta do mundo. A parte mais famosa desta baía é o Hopewell Rocks e estas pedras são um dos símbolos do Canadá.
Para entrar no parque onde as rochas estão você paga C$10 por adulto e a entrada dá direito a 2 dias (para estimular os visitantes a verem o local durante a maré alta e baixa). E foi exatamente isso que fizemos: primeiro vimos o local com a maré baixa e “caminhamos no fundo do mar”. Foi realmente incrível e emocionante e o lugar é lindo demais. No outro dia fomos para ver a maré alta, mas chegamos um pouco tarde e ela não estava no seu máximo. Neste site aqui você pode ver os horários de marés altas e baixas, para programar a sua visita.
O local é super estruturado com banheiros, restaurante e uma lojinha ótima. Há também museu, parquinho e a trilha para chegar na praia é super tranquila (mas você pode pagar C$2 e ir de carrinho de golfe). E vale falar que as escadas que te levam para a praia são bem tranquilas (se não me engano 100 degraus). Ainda, você pode passear pela região de kayak durante a maré alta. E vale ainda citar que você pode se hospedar em Moncton, cidadezinha que fica a 20 minutos da região.
Espero que tenham gostado das dicas e não deixem de ver o vídeo com imagens desta viagem incrível no meu canal do youtube.
Lindas fotos Gaby, parabéns! Deu vontade de conhecer o local.
É lindo mesmo Ana, vale a pena!
Agora vem a pergunta Gabi: PEI ou British Columbia?
Ixi, eu sabia que esta pergunta iria surgir e é super difícil dizer. Acho que depende muito do que vc quer ver e do que espera em uma viagem. Eu não esperava nada de PEI e me surpreendi demais. De BC eu esperava muita coisa, e foi tudo lindo. Pode ficar com as duas? Ou melhor, pode ficar com o Canadá inteiro? hehehehe
Que viagem dos sonhos. Obrigada por compartilhar com a gente estes momentos!
Oi, Gaby, bom dia!
Embarcarei amanhã para o Canadá e meu destino é Charlottetown.
Como sempre seus post e fotos são maravilhosos.
Que legal! Aproveite! Lugar lindo demais!
OI Gaby ….
Lindo lindo….
Uma dúvida…
Pelo que vi, vocês ficaram hospedados em único lugar e faziam bate e volta para conhecer os lugares, dirigindo pelas 02 scenics drives que vocês fizeram é isso?
Você acha isso mais viável ou seria melhor, se tiver mais tempo, é claro se hospedar em alguma cidade no decorrer das rotas?
Obrigada
Lu
Depende muito Lu… nós amamos andar de carro e achei que valeu a pena ficar em um mesmo lugar, porque a gente não se importa de dirigir.
Oi Gaby, em que época do ano voc~e fez essa viagem a PEI? Pergunto para saber sobre o clima.
Verão
Oi Gaby,
Quantos dias vc acha ideal para conhecer a ilha? Estou pensando em voar de Toronto para Halifax e de lá dirigir para PEI… no total devo ter uns 12 dias mas na volta meu plano é voar para Quebec City e passar 2-3 dias lá antes de voltar para Toronto.
Ah Taís, difícil dizer. Nós ficamos 3 dias e conhecemos 2/3 da ilha, mas não a fundo. Se você quiser conhecer detalhes e fazer as 3 partes da ilha eu sugiro 1 semana. Acho que 5 dias já dá para conhecer bastante coisa.