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Tradições de volta às aulas aqui no Canadá e diferenças em relação ao Brasil

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Semana passada começaram as aulas aqui no Canadá e o assunto no meu trabalho e nas redes sociais era esse. Eu estava super corrida na semana passada e não pude escrever sobre isso no blog – quem acompanha meu stories do Instagram sabe que cancelaram nosso vôo de retorno para Toronto, que comecei uma pesquisa científica super importante no trabalho na semana passada e que a creche do Thomas inundou e transferiram ele para uma localização bem ruim, no centro da cidade. Enfim, hoje eu resolvi falar um pouco sobre o assunto por aqui, afinal estou lendo e pesquisando bastante sobre ele já que agora que sou mãe tenho que saber destas coisas. Mas vale falar que o Thomas só vai para a escola no ano que completar 4 anos – ou seja, daqui a 2 anos – então tudo que escreverei aqui são informações baseadas no que eu leio e também ouço colegas falarem. Daqui a 2 anos estarei vivendo isso e contando tudinho para vocês.

1. Ano letivo começando em setembro

O ano letivo aqui no Canadá começa em setembro, na primeira terça feira do mês (depois do feriado do dia do trabalho que acontece na primeira segunda-feira de setembro). As aulas acontecem até junho, com férias de verão entre julho e agosto. Por aqui temos o winter break (recesso entre Natal e Ano Novo) e o spring break (uma semana de folga em março). Há ainda feriados e datas de aperfeiçoamento profissional (ou “conselhos de classes” como temos no Brasil), que é quando os professores fazem cursos e fecham as notas.

2. Estudo com período integral

A elementary school (Grade 1 ao Grade 8) é cursada por alunos de 6 a 14 anos e a high school (Grade 9 até Grade 12) por alunos entre 14 a 18 anos). Alunos nestas classes ficam na escola de período integral, do início da manhã (9am) até o meio da tarde (3pm). Este tipo de ensino é obrigatório por aqui. O Junior Kindergarten (4 anos) e o Kindergarten (5 anos) também são cursos integrais mas aqui em Ontario não são obrigatórios, embora a maioria dos pais coloquem as crianças pois são gratuitos e de qualidade. E vale falar que como os pais trabalham mais tempo do que a escola há cursos antes e depois (before and after school) que as crianças podem fazer, o que acredito ser parecido com o Brasil pelo que já ouvi falar.

3. Escolas públicas de qualidade

Salvo algumas exceções as escolas privadas no Brasil são bem melhores do que as públicas e os pais se viram nos 30 para pagar as tais mensalidades alarmantes (quando eu ouvi o preço que se paga por 1 mês de escola no Brasil eu apavorei). Por aqui as escolas particulares existem, mas são extremamente caras e somente 10% das crianças a frequentam. Aqui as crianças vão mesmo para as escolas públicas, que são de ótima qualidade e super disputadas. Há escolas religiosas ou não e a maioria das escolas religiosas é católica. Aqui é importante mencionar que as escolas não religiosas são chamadas apenas de public schools enquanto as católicas de catholic schools, embora também sejam públicas. A diferença é mesmo o ensino religioso, orações diárias e retiros religiosos.

4. Roupa nova como uniforme

Uma das coisas que eu acho mais estranho aqui é que as escolas não possuem uniformes, ou melhor, a maioria das escolas não possuem uniformes. O que eu li é que o uso do uniforme é obrigatório apenas no high school de escolas católicas (e se você estiver andando de metro ou nas ruas de Toronto poderá ver que há sim muitos alunos com uniformes). Mas em geral as escolas não possuem uniforme e o que a gente vê aqui são alunos com roupas novas e bonitas nas primeiras semanas de aula. As lojas mesmo fazem super promoções de roupas de volta às aulas e eu acho super engraçado isso porque sempre estudei em um colégio católico e sempre tive uniforme, desde os meus 3 anos de idade. A vantagem de não ter regra é que os pais podem economizar bastante, já que estes uniformes são super caros. Mas por outro lado é ruim não ter esta regra e ter que ficar escolhendo roupa todo dia para a criança.

5. A foto do primeiro dia de aula

Na semana passada meu timeline do facebook estava inundado de fotos de crianças segurando placas com a data + ano letivo que elas estavam iniciando. A tradição é tanta que há várias reportagens sobre como bater a foto do primeiro dia de aula e maneiras divertidas de registrar este momento (clique aqui e veja uma delas). Eu não sei se no Brasil há esta tradição mas eu acho o máximo e não vejo a hora de fazer a do Thomas. E é incrível também ver como a cada ano os filhos dos meus amigos estão crescendo… gente, o tempo voa mesmo hein?

6. A marmita de cada dia

Como as crianças ficam uma boa parte do dia na escola elas precisam se alimentar e são os pais que tem que preparar o “lanche” dos filhos. Isso mesmo: lanche e não almoço como somos acostumados no Brasil. Aqui no Canadá a principal refeição do dia é feita à noite, em casa, com a família reunida. Na escola a maioria das crianças leva um lanche leve e há vários blogs e vídeos sobre como montar a marmita do seu filho, já que ser criativo parece ser difícil. Na escola as criança não possuem acesso a equipamentos para esquentar seus alimentos (como o microondas ou forno) e os professores estão presentes mas não ajudam as crianças a se alimentarem. E vale falar que por causa de alergias alimentares as escolas proíbem lanches com nuts e em alguns lugares também há proibições específicas (na sala do Thomas do daycare não pode frutos do mar, kiwi e banana, apesar deles darem lanches todos os dias). Geralmente a comida vem em potes térmicos ou em caixas cheias de divisórias, chamadas de bento box. O Thomas nem está na creche mas eu já ganhei uma LINDA da marca stuck on you e eu vou postar o review do produto semana que vem aqui no blog.

7. As (poucas) compras para a volta às aulas

Eu lembro que quando estudava no Brasil a minha escola pedia resma de papel, um montão de material e até papel higiênico. Por aqui é tudo mais simples e pelo que sei lista de material só começa a ser pedida somente no elementary school (e mesmo assim a lista é bem pequena quando comparada com o Brasil e o material que você vai comprar será de uso exclusivo do seu filho). Em relação a onde comprar seu material escolar há várias lojas e uma das mais legais é a Staples. Aliás, eles me mandaram uma mochila cheia de produtos populares na volta às aulas deste ano e eu vou postar semana que vem aqui no blog o review de tudo que eles mandaram.

8. Essa tal de French Immersion

Estudar francês é obrigatório nas séries de elementary e high school aqui no Canadá, já que o francês é um dos idiomas oficiais do país. Geralmente os alunos fazem 1 ou 2 disciplinas em francês. French Immersion é quando o aluno tem todas as aulas e instruções em francês. Tenho uma colega do trabalha cuja filha de 4 anos está começando o Junior Kindergarten este ano e está em um programa chamado de Early French Immersion, que é o mesmo programa de French Immersion para crianças menores (menos que a Grade 4). Os programas de French Immersion não são tão acessíveis assim aqui em Ontario mas são disputados. Este é só um resumo – há muito mais informações sobre o assunto e você pode ler mais sobre isso aqui e aqui.

9. Estudo voltado para o cidadão e não o vestibulando

Muito do que eu leio e ouço por ai é que o ensino aqui no Canadá é “mais liberal” ou “mais fraco” do que o do Brasil, já que no Brasil há muitas provas e o preparo para o vestibular e cursar uma universidade é o foco da escola. Aqui, a ênfase é mesmo para formar cidadãos do mundo e há incentivo para atividades extra-curriculares e até obrigatoriedade para alunos de high school de completar 40 horas de serviço comunitário. A gente observa muita diferença mesmo nas idades mais novas, quando você vê os pais canadenses pegando seus filhos e perguntando se eles “se divertiram hoje na escola” enquanto os pais brasileiros geralmente perguntam sobre “o que os filhos aprenderam”. Eu sempre fui muito estudiosa e sempre me dediquei 110% aos meus estudos, desde pequena. Eu gostaria bastante que o Thomas fosse assim mas ao mesmo tempo sei que ele está sendo criado em outra realidade e espero que realmente esta filosofia de cidadania, tolerância e criatividade seja boa para ele.

10. Estudando no inverno

Uma das coisas que eu sempre tive dúvida foi o inverno. Sim, crianças precisam correr na rua para gastar energia e as escolas não fecham porque está frio (senão ficariam fechadas na maior parte do tempo). Então, como seria o estudo no inverno? Bem, o que sei é que as crianças terão que ter um par de botas de inverno extra (não podem entrar com a bota suja de neve na escola) e deverão saber colocar todas as roupas de frio sozinhas. Dependendo do tipo de alerta – se for de muito frio e muita neve – as escolas podem fechar. Por lei as crianças tem que brincar na rua, mesmo em dias de muito frio. Fora isso é vida normal, por mais impossível que isso possa parecer.

Pronto! Aqui está minha listinha com algumas informações que achei super importantes sobre estudar no Canadá e que acredito serem super importantes para as famílias que pretendem morar por aqui. Se você quer ler mais sobre o assunto eu indico este post aqui do blog: como é estudar no ensino fundamental de uma escola pública canadense.

17 comentários em “Tradições de volta às aulas aqui no Canadá e diferenças em relação ao Brasil”

  1. Olá Gaby.
    Deixa-me só partilhar um pouco a minha experiência, pois tenho um filho que começou aqui no Grade 2 e está agora no Grade 6.
    Há algumas diferenças nas escolas conforme a Cidade. Aqui em Mississauga é o Peel Board School e a divisão dos anos escolares é:
    Grade 1 to 5 – Elementary School
    Grade 6 to 8 – Middle School
    Grade 9 to 12 – High School
    O meu filho frequentou uma Elementary School e este ano teve que mudar para uma Middle School.
    Em relação ao material escolar é tudo, mesmo tudo, grátis!! Até hoje nunca compramos um caderno, um lápis, uma caneta, nada de nada!!
    Até ao Grade 12 é tudo fornecido pela escola, incluindo os livros das disciplinas!!
    Em relação ao sapatos/botas, os alunos têm que ter um par de sapatos/ténis na escola e são esses que eles usam lá dentro, para estarem sempre limpos.
    Em relação ao frio, é verdade que mesmo em dias muito frios o recreio é lá fora! Só ficam no interior quando a temperatura está abaixo dos -20!! Com menos -18 vai tudo para a rua brincar 🙂
    As aulas são muito diferentes do que se faz na Europa, na Elementary passam quase todo o tempo sentados no chão em roda do professor, só usam as mesas quando têm que escrever ou fazer trabalhos!! E é um ensino muito diferente, menos puxado mas mais abrangente!!
    Por exemplo nos exercícios de matemática o aluno não tem que só dar a resposta certa, tem que explicar como chegou a esse resultado é isso é mais importante que ter a conta certa!!
    Mas o meu filho adora a escola e isso é o mais importante 🙂
    Parabéns por este blog que sigo sempre com imensa atenção! Abraço !

    1. Eu diria que a maioria do material não se compra mas isso depende do curso.

      Ambas a minhas filhas voltaram-se para artes no ensino médio e houve um certo custeamento da minha parte (não muito grande).

  2. Gaby, muito obrigada por esse blog gostoso e cheio de informações. Peguei aqui a indicação da Loonie, eles são mesmo ótimos.
    Aqui no Brasil, as escolas mais parecidas com as canadenses estão sendo fechadas (quando particulares), ou sofrendo repressão (quando públicas). Tenho duas crianças em uma delas e posso dizer que aprendem muito, demais, sem PRECISAR focar o tempo todo no estudo. Existe trabalho duro também, mas não é monótono, repetitivo, e a recompensa é o resultado de uma pesquisa, o prazer da descoberta, e não uma nota. Digo que nós, escolarizados no sistema tradicional, somos bons fazedores de provas. Minhas crianças, que nunca fizeram uma prova, sabem muito mais coisas do que sabíamos, e realmente usam os conhecimentos…
    Por exemplo, um estudo de meio no zoológico envolveu construir e ler plantas baixas e mapas, estabelecer o itinerário, observar e registrar os animais previamente escolhidos com escrita e desenhos, organizar os registros, apresentar para outras turmas, e o material produzido foi usado depois em várias lições durante o trimestre. Um estudo dos menores, sobre brincadeiras corporais, usou a estratégia de mapas conceituais, entre outras. Existem rodas de conversa, reuniões e assembleias, e todos são responsáveis pelo bem estar coletivo. Ainda não sabem tabuada de cor, mas fazem cálculos mentais enormes com outras estratégias. É muito, muito bom! Thomas será muito feliz e bem educado em uma escola assim, fica tranquila 🙂
    Grande abraço

    1. Um esclarecimento: no ensino elementar de Ontario não há provas mas trabalhos de casa, incluindo mini-projetos.

      No ensino médio há sempre testes, provas e um projeto final a cada semestre*.

      * o ensino médio aqui, de 4 anos, é como uma faculdade: as matérias mudam de um semestre para outro.

  3. Só complementando as informações muito úteis da Gabi já que a minhas filhas já passaram por todo o ensino básico (são nascidas aqui).

    1. French Immersion

    É apenas para crianças cujos pais, ou pelo menos um deles, têm o francês como primeira língua. Algumas escolas abrem exceção para poderem se manter abertas. Acontece muito em cidades menores. Tudo é ensinado em francês daí é importante um dos pais saber a língua para ajudar os filhos.

    Esse termo se confunde em algumas escolas da GTA com o “Extended French”, que é um programa onde a criança estuda metade do dia em inglês e a outra metada em francês. Geralmente as matérias de Humanas (geografia e história) são ministradas em francês enquanto que as de Exatas (matemática, informática e “business” – no ensino médio) são em inglês. Um bom equilíbrio nesta província onde o inglês predomina. Foi esse programa que as minhas filhas fizeram e hoje falam 3 línguas (incluindo a nossa, que falamos em casa).

    2. Ensino mais fraco ?

    Não. Como a Gabi disse, apenas o foco é diferente. Não há a preocupação de dar conhecimentos gerais, apenas aquilo que sirva para colocar o jóvem no mercado de trabalho casa não queira se enveredar por uma universidade. Daí a maioria dos jóvens conseguem se empregar logo após o ensino médio (ou mesmo durante, o que é algo da cultura daqui que posso explicar numa outra oportunidade).

    3. Vestibular ?

    Isso não existe aqui (desculpe, Gabi). A entrada para o ensino superior é baseada nas notas dos dois últimos anos do ensino médio (que aqui são 4 anos). Então o aluno tem que ralar “muito” naqueles dois anos para manter as notas altas se quizer entrar numa escola profissionalizante (College) ou uma faculdade. A UofT (University of Toronto) acolhe primeiro os alunos com média acima dos 95%.

    4. Escola Profissonalizante (College) ou Unversity ?

    Há uma desinformação generalizada entre os nossos conterrâneos com relação aos Colleges, que para onde a maioria da garotada vai.

    Eles não têm conteúdo acadêmico e portanto não são as faculdades do Brasil. São i que escrevi: escolas profissionalizantes e, como tal, preparam para o mercado de trabalho, daí a maioria ir para elas.

    Vejo muito brasileiro acusando os Coleges de serem fracos mas é por desinformação da parte deles por pensarem que de tratava de uma faculdade.

    Apesar disso, os “programs” (que é o que no Brasil chamamos de “cursos”. “Course” aqui é apenas uma matéria do “program”) de muitos Colleges podem ser bem puxados porque há muito trabalho / projeto para ser concluído a cada semana. Afinal, é voltado para o mercado de trabalho.

    Se vicê pretende se voltar para a vida acadêmica (quer lecionar ou fazer pesquiza), vá oara uma universidade ao invés de um College. Não é para onde a maioria vai.

    Se fizer um College e precisar de um bacharelato por exigência do emprego, há a possibilidade de entrar numa universidade apenas por mais um ano.

    À propósito, o diploma universitário do Brasil chama-se “degree”. O “diploma” que o College dá é na verdade um certificado.

    Mais uma: os “programs” universitários de 4 anos são chamados “undergraduate”. Você vai precisar cursar um ano adicional para obter o “graduate degree”, que é equivalente ao meu curso de engenharia de 5 anos no Brasil.

    Espero ter ajudado.

    Boa sorte a todos.

    1. PS: Desculpe pelos vários erros de datilographia. Uso o meu celular para escrever e sempre erro a tecla. E também não tive tempo de revisar o texto antes de publicar. Espero que esteja compreensível.

    2. Kléber, assisti palestras do public board em toronto e pelo que eu entendi o French Immersion é para quem não fala francês em casa. Quem fala francês em casa tem a opção de ir para o board francês .

  4. oi gaby, acabei de matricular as minhas filhas na escola pública (grade 3 e grade 5) e também não precisamos comprar nadinha de material escolar. a escola fornece tudo – de livros a lápis e caderno. só pediram pra ter material em casa pra fazer a lição…
    ah, precisamos pagar pelas agendas, que custaram $7 cada.
    e aproveitando: adoro o seu blog, acho os textos excelentes e as fotos incríveis! já fui a muitos lugares que vc indicou, muito obrigada!

  5. Li os comentários mas não se pode generalizar… Na Elementary school da minha filha há mini provas sim e quase todo dia homework. Também existe uniforme, na verdade é um Dress code, tem que ir de roupa azul marinho ou branca e sem estampas. Aparentemente todas as escolas católicas são assim. Ja na maior parte das públicas não precisa uniforme. E na escola da Bella a maioria leva almoço mesmo, naqueles potinhos térmicos que mantêm a temperatura 🙂

  6. Bom dia! Pretendo ir para o Canadá ano que vem. Mas eu pretendo ir com minha filha. Gostaria de saber se épossível fazer um curso na universidade, trabalhar e cuidar de minha filha, estando sozinha com ela no Canadá. se a escolas amparam a criança o dia inteiro. Obrigada pelas dicas

  7. Preciso fazer um trabalho de cidades educadora, informações de escolas que tenham projeto de fim de semana o que que elas fazer?

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