Estava na minha to do list escrever sobre a viagem maravilhosa que eu, Ju e o Thomas fizemos para a Toscana na Itália em agosto deste ano. Demorou bastante mas finalmente os posts estão prontos (dividi a viagem em 2 posts para não ficar muito extenso e um vai ao ar hoje e outro semana que vem). Eu sempre reluto bastante em escrever sobre as nossas viagens por dois motivos: porque o blog fala da minha vida no Canadá (e não em outros locais) e porque os momentos são tão preciosos e tão “nossos” que eu fico um pouco dividida se devo compartilhar ou não. Mas eu acabo decidindo compartilhar porque eu recebo tantas mensagens legais agradecendo as dicas e também é tão bom relembrar momentos e detalhes que ficam registrados nos posts.
Esta viagem surgiu porque eu tive que fazer uma apresentação em um Congresso em Roma. Geralmente quando tenho uma viagem à trabalho eu acabo pegando alguns dias de folga para explorar a região ou o país que estou visitando. Desta vez queríamos ficar na Itália mesmo, mas pegar uma região mais calma e com menos agito. Como já conhecíamos a Itália nosso intuito não era ficar fazendo turismo e sim relaxar e curtir dias especiais com nosso bebê – e também meus últimos dias de licença maternidade (pois depois da viagem eu voltei a trabalhar). Por isso resolvemos passear pela região da Toscana, que é um roteiro mais tranquilo, romântico, cênico e gastronômico – tudo que procurávamos. Alugamos um carro e dirigimos pelas estradas cênicas sem pressa, sem roteiro e sem a muvuca de lugares extremamente turísticos.
Resolvemos organizar nosso roteiro da seguinte maneira: 4 dias na região mais sul da Toscana (para visitar as cidades de Montalcino, San Quirico d’Órcia, Pienza e Montepulciano) e 4 dias na região central da Toscana (para visitar a região de Chianti e as cidades de San Gimignano, Siena e Monteriggioni). A região da Toscana não é tão grande assim e as cidades são relativamente próximas, mas resolvemos ficar em dois hotéis diferentes para sempre estarmos próximos do hotel (por causa do Thomas, que na época da viagem tinha 10 meses) e para ter a experiência de ficar em dois tipos de hospedagens distintas (um castelo e um hotel rural – agriturismo). Achei que acertamos em cheio: roteiro super tranquilo, hotéis maravilhosos e tempo perfeito para curtir a região. Neste post irei falar sobre os primeiros 4 dias da viagem.
Depois de 4 dias em Roma alugamos um carro no aeroporto e seguimos viagem para a região da Toscana (no mapa acima eu mostro o ponto que saímos da highway vindo de Roma e começamos a explorar a região, chegando ao nosso hotel – Castello di Velona – e percorrendo as cidadezinhas que visitamos nesta primeira parte da viagem: Montalcino, San Quirico d’Orcia, Pienza e Montepulciano.
Montalcino
A cidade de Montalcino é incrivelmente famosa por seus vinhos Brunello, um dos melhores e mais apreciados vinhos italianos do mundo. Montalcino já era bem conhecido por seus vinhos tintos finos durante o século 15, mas foi somente em 1888 por um dos membros da família Biondi Santi inventou a “fórmula” do vinho Brunello (somente com uvas do tipo sangiovese). Há muitas regras para considerar um vinho como Brunello di Montalcino: ele deve envelhecer por nomínimo de 5 anos, 2 dos quais devem estar em barris de carvalho; estar em uma região específica de Montalcino (fora dela o vinho é conhecido por Sangiovese Grosso); o vinho é nomeado Rosso di Montalcino em uma versão mais suave e jovem da mesma região ou em anos de safras ruins; entre outras regras (viu como eu aprendi sobre vinhos). Vale falar que os vinhos são produzidos por pequenos produtores e quando você dirige pela região você encontra várias plantações de uvas e várias vinícolas familiares.
Mas a cidade e a região não é apenas vinho. Montalcino é uma cidade cheia de história e arte. O centro histórico é lindo e dominado pela poderosa e imponente fortaleza Rocca, construída em 1361 para “lutar” contra o domínio de Siena. As vistas de suas muralhas são espectaculares, estendendo-se em direção ao Monte Amiata, o Vale d’Orcia e as colinas de Maremma. Vale também caminhar até a Piazza del Popolo, onde fica o Palazzo dei Priori (datado do século XII e onde hoje fica a prefeitura da cidade). Uma outra praça charmosa é a piazza Garibaldi, onde fica a igreja de Saint Egidio, várias lojas de vinhos e o centro de informações turísticas. Almoçamos em um bar chamado Belvedere que tem janelas com uma vista linda para a cidade e o Vale d’Orcia. No geral as ruas da cidade são íngremes e cheias de tesouros: igrejas, cafés, restaurantes e museus. Vale a pena se perder por lá.
Se você quiser visitar uma vinícola na região uma das maiores e mais conhecidas é a Castello di Banfi. Fomos visitar o local e degustar alguns vinhos. Maridão adorou e comprou vários para trazermos para casa (eles fornecem caixas e embalagens para viagem). Vale falar que você pode visitar a vinícola e também hospedar-se no local.
San Quirico d’Orcia
San Quirico d’Orcia foi uma das cidadezinhas da viagem que conquistou meu coração. Cidade murada e datada de 712 d.C é pequena e fica pertinho de Montalcino. É extremamente preservada e são visíveis ainda 14 torres ao longo da muralha. Entramos pela cidade (por sorte) pela Puorta Nova e já demos de cara com a Piazza della Libertà e a Igreja della Madonna di Vitaleta. Nesta mesma praça há uma entrada para o Horti dei Leonini, um jardim projetado e construído por Diomede Leoni em 1581. Dali você pode caminhar tranquilamente para as duas pontas da cidade e vale incluir nesta caminhada a bela igreja de Collegiata of the Saints Quirico and Giulitta. Gastamos em torno de 2 horas na cidade.
Montepulciano
O bom de explorar cidades muradas – como Montepulciano – é que você já sabe que tem que começar o passeio pelos portões principais (geralmente há um de cada lado da cidade, o que facilita muito a dinâmica do passeio). No caso de Montepulciano os principais portões são a Porta al Prato e a Porta delle Farine. A cidade é atravessada por uma rua principal longa e larga chamada de Corso e de onde várias ruas estreitas e becos saem. Todos os caminhos devem chegar à Piazza Grande, que é a praça principal da cidade e é onde fica a Cattedrale di Santa Maria Assunta, o Palazzo Comunale, o Palazzo Tarugi e o Palazzo Contucci. Você pode subir no alto da torre do Palazzo Comunale para apreciar a vista da região (não fomos). A igreja está inacabada e mesmo assim é incrível, sendo erqguida entre 1592-1630. Almoçamos na Osteria del Borgo que tem um pátio super aconchegante com vista para o vale. Também fica a dica de um café super tradicional, o Caffé Poliziano (fundado em 1868).
Montepulciano também possui seu vinho, o Vino Nobile de Montepulciano. Sua uva principal é um clone da variedade Sangiovese, conhecida por Prugnolo Gentile. O Nobile é considerado um vinho de potência intermediária entre o Chianti Classico e o Brunello di Montalcino: o período mínimo de repouso do vinho no barril de carvalho foi reduzido para 1 ano e a adaptação dos produtores à modernidade tem sido mais lenta do que em outras regiões nobres da Toscana… isto causa uma certa irregularidade na qualidade de seus vinhos. Na própria praça principal você pode provar o Vino Nobile dentro do Palazzo Contucci (veja mais informações aqui).
Vale falar que dirigimos ao redor de Montepulciano para ter vistas da mesma mais de longe e também para explorar as plantações de vinho. O passeio foi lindo e vale aqui a dica.
Pienza
Pienza foi outra cidadezinha pequena que conquistou meu coração. Ela fica localizada a 490 metros acima do nível do mar e no alto de uma colina (possui vistas lindas do vale d’Orcia através da Via dell’Amore – fica a dica). Esta encantadora vila é conhecida como a “cidade ideal do Renascimento”, a criação do grande humanista Enea Silvio Piccolomini, que mais tarde se tornou o papa Pio II. Piccolomini tinha dinheiro e influência para transformar a cidade onde nasceu em uma cidade utópica e planejada. Em apenas 3 anos vários edifícios harmoniosos foram construídos (todos eles localizados na praça central da cidade): a Cattedrale dell’Assunta, o Palácio Episcopal, o Palazzo Piccolomini, o Palazzo Comunale e o Palazzo Ammannati. Quando estávamos na praça vimos vários locais conversando, crianças brincando e gostamos muito de ter a sensação de estar em um local sem tantos turistas.
Pienza também é famosa por causa de um queijo, o pecorino de Pienza. Este queijo é feito de leite de ovelha e é famoso mundialmente. As ruas da cidade estão cheias de pequenas e charmosas lojas que vendem vários tipos de pecorino. Você pode saborear até decidir qual irá levar. Além de queijos você encontra vinhos, especiarias, massas artesanais e arte. Vale citar que você sente cheiro de queijo por todo lado – eu que não gosto de queijos não achei muito agradável mas meu marido amou.
Hospedagem: Castello di Velona
Quando marcamos nossa viagem meu marido tinha vários planos para comer queijos e tomar diferentes tipos de vinho. Eu só tinha um pedido: queria ficar hospedada em um castelo. E o castelo que escolhemos foi o incrível Castello di Velona. O hotel fica localizado em uma colina na região de Montalcino, na pequena vila de Castelnuovo dell’Abate. Foi construído como uma fortaleza no século XI, transformado em uma villa residencial durante o Renascimento e abandonado depois disso. Só em 2003 ele foi restaurado e reaberto como hotel, spa e vinícola.
A estrutura do hotel é incrível e inclui piscina interna e externa, 3 restaurantes, spa e muito conforto. Vale falar que quando eles estavam reformando o castelo eles acharam fontes termais, então as piscinas do local possuem águas termais. O café da manhã é maravilhoso e servido todos os dias bem cedo, para os hóspedes poderem apreciar o pôr-do-sol. Há apenas 46 quartos e todos são amplos, possuem vistas maravilhosas da região e pelo menos dois cômodos – uma sala e o quarto – o que para nós foi ótimo já que o Thomas dorme cedo e podíamos curtir a noite sem acordar o pequeno. Aliás, outros casais estavam hospedados com filhos.
Eu e o Ju ficamos tão animados com a atmosfera que resolvemos marcar um jantar no restaurante chique do hotel – com o Thomas. Pensamos: “vai ser tarde e ele vai dormir no carrinho”. Claro que não foi isso que aconteceu e o Thomas chorou o jantar quase todo (lição aprendida). Mesmo assim conseguimos apreciar a boa comida do Settimo Senso (um de cada vez – para o outro poder segurar e distrair o bebê) e super recomendamos para quem estiver hospedado no local. Depois da noite desastrosa só mesmo comida no quarto do hotel – sempre aos olhares atentos do senhor Thomas é claro.
Fotos e lugares clássicas
Além das cidades citadas acima eu resolvi incluir algumas dicas de lugares lindos para os amantes de belas fotos baterem fotos clássicas da Toscana.
Abbazia di Sant’Antimo: perto do nosso hotel – na cidadezinha de Castelnuovo dell’Abate – fica a Abbazia di Sant’Antimo, que é uma igreja do século X com arquitetura românica medieval. A igreja enorme fica localizada no meio de vinhedos e plantações e é um lugar lindo, super místico e a cara da Toscana.
Capella di Vitaleta: uma outra foto clássica que é também a cara da Toscana e a da Capela de Nossa Senhora de Vitaleta, que é uma igreja pequenina localizada no topo de uma colina que liga San Quirico d’Orcia de Pienza. Quando estiver saindo de San Quirico em direção a Pienza fique atento à direita da rodovia pois a igrejinha fica bem no começo do trajeto.
Chiesa di San Biagio: na base de Montepulciano fica a igreja de San Biagio, onde até 1518 ficavam os restos de outra igreja milenar. Até hoje restos desta igreja estão no local, já que alguns milagres foram atribuídos aos mesmos.
Caminhos de ciprestes no Vale d’Orcia: para qualquer lugar que você olhar você consegue bater fotos incríveis – e clássicas – das árvores ciprestes, que compõem uma das típicas paisagens da Toscana. Do jardim La Foce você pode bater a foto clássica das estradas com curvas e ciprestes.
Pôr do sol na Toscana: não dá para ir para a Toscana e não bater fotos incríveis do pôr do sol. Nesta primeira etapa da viagem o melhor lugar que encontramos para apreciar o pôr do sol era do nosso hotel, já que o mesmo estava no alto de uma colina (conforme escrevi anteriormente).
Espero que tenham gostado do relato 1 da nossa viagem à Toscana e sexta-feira que vem posto para vocês a parte 2, que mostra nossa visita a região de Chianti e as cidades de San Gimignano, Siena, Monteriggioni. Até lá!
Se você quer saber como fizemos para viajar pela Itália com nosso bebê de 10 meses – o que levamos, como fizemos para alimentá-lo, entre outras informações – não deixe de ler este post aqui.
Oi Gaby, quantas fotos incríveis!!! Amei o post!! Uma pergunta: quando vocês viajam, e o Joe não pode ir… com quem vocês deixam ele? Beijos
Olá Juliana. Obrigada. Deixamos o Joe com amigos, mas fazemos de tudo para levá-lo sempre! Beijos
Oi Gaby, Obrigada por responder…. perguntei porque iremos morar no Canadá e temos uma filhinha de 4 patas. Me preocupo muito com a adaptação dela e como faremos quando ela não puder ir conosco para alguma viagem. Obrigada. Beijos =) Adoro seu blog.!
Há hotéis para cachorro Juliana, mas eu fico feliz que tenha amigos tão queridos que tomem conta do meu Jojoe. Beijos
As fotos estão muito lindas, Gaby! Vocês arrasam!!! E o Thomas é uma fofura só, já estou com saudades.
Ah, quero ver post sobre o aniversário dele, quero ver as fotos! <3
Beijos mil, saudades!
Estamos com saudades também Le. Vou postar sobre o aniversário dele sim, ainda estou aguardando as fotos. Beijos
Woww! Lindos lugares!! Não conheço essa região, mas já está na minha lista agora… e fotos maravilhosas, como sempre!
Beijos
Adri
Obrigada pela mensagem Adri. Beijos
Que viagem maravilhosa! A Toscana está no meu bucket, um dia ainda vou!
Vai mesmo Mariana. É incrível!
Maravilhosos lugares! Fotos incríveis! Meu neto lindo sempre! Amo vocês!
Obrigada pela mensagem mãe. Amamos vc tbem!
Toscana deve ser incrível mesmo!! Italia esta na minha lista ha anos, e acho que a prioridade sera lugares pequenos do interior, como a Toscana… se Deus quiser em breve eu vou!!
Vai sim Natalia! Voces vão amar! Beijao
Amei o post, quero mto conhecer a Itália e com ctz Toscana está no roteiro! Continue postando sobre suas viagens, pleeeease : ) Bjs
obs, amei as fotos, o Thomas é muito alegre e fofuxo
Obrigada pela mensagem Lais. Na sexta eu postarei a parte 2 desta viagem. Beijos
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