Eu sempre soube que queria ter mais de um bebê. Na verdade eu sempre quis ter 3, mas diante das minhas dificuldade e problemas em cada gestação parei no número 2 mesmo. Mesmo assim me sinto extremamente feliz e abençoada não só em pode gerar uma vida mas em poder gerar uma segunda vida para fazer companhia para a primeira. Eu quero que meus filhos se amem e não vejo a hora de vê-los brincando juntos pela casa e ver um cuidando e aprendendo com o outro. Hoje Thomas já chega da creche perguntando pelo irmão, beija e faz carinho e ficou sem ciúme algum desde que o caçula chegou. Nem consigo pensar como será o amor e a amizade que existirá entre os dois mas sei que será algo muito especial. Ian é o melhor presente que eu poderia dar para o Thomas e vice-versa. E confesso que fico mais tranquila sabendo que um terá o outro durante toda a vida, especialmente quando chegar a minha hora de partir.
A chegada do Ian tumultuou nossas vidas e estamos ainda nos adaptando com a nova dinâmica da nossa família – agora de 5: eu, marido, Jojoe, Thomas e um bebê que ama colo e não gosta de berço. Outro dia me peguei pensando sobre a chegada do Ian e escrevi um texto na madrugada, entre uma mamada e um choro. E resolvi postar este texto para ter estes pensamentos registrados aqui no blog.
Esquecemos tudo que passamos com o primeiro
Eu não sei se isso somente aconteceu comigo mas eu sempre acho que as coisas eram “mais simples e mais fáceis” com o Thomas. Para mim o Thomas sempre dormiu super bem (isto é, a noite toda), nunca teve cólicas e era uma criança tranquila e que exigia mínimo cuidado. As vezes minha mãe e meu marido me falam “com o Thomas isso também aconteceu” e eu fico pensando e tentando lembrar, mas não consigo. Eu tive sorte porque o Thomas teve pouca cólica, dormia bem e chorava pouco (isso é verdade) mas segundo o pessoal aqui eu acabei esquecendo de alguns momentos e que não era tudo tão perfeito com eu acho.
O sentimento de culpa fica ainda maior
Aí gente, isso é tão verdade. Quando eu só tinha o Jojoe eu me culpava em sair de casa e deixar meu cachorro sozinho. Aí veio o Thomas e eu me culpava em não dar atenção ao Joe e em estar fazendo as coisas direito com o Thomas – aquela pergunta que não quer calar de “será que estou sendo uma boa mãe?”. Ou de abandonar deixar o Thomas no berço para fazer algo que eu curtia durante o dia. Aí veio o Ian e a culpa é tão grande e bate tão forte no peito que me deixa pra baixo às vezes. Não estou dando atenção suficiente ao Jojoe e Thomas (isto é fato!) e me sinto muitas vezes cansada e sem pique para cuidar do Ian como eu gostaria. Thomas pede atenção verbalmente, quer a mãe que ficou 2 meses no hospital por perto… mas o irmão berra de fome ou sono bem naquela hora. Tenho sorte do Thomas ser compreensivo e do meu marido ser presente. Mas mesmo sabendo que Thomas está bem a culpa pega. E tem Jojoe… tadinho. Sempre me olhando com aquela carinha de carente e querendo uma bola ou um lanchinho no meio disso tudo. Eu me sinto culpada o tempo todo, até na hora que quero descansar e dormir porque eu poderia estar dando atenção a algum dos meus meninos ou organizando e cuidando da casa para eles.
Tudo é mais fácil e ao mesmo tempo mais difícil
A gente já sabe o resultado disso tudo. A gente já sabe como fazer. A gente já sabe que vai dar certo, mesmo cheio de erros e tropeços. A gente já sabe que a correria vai passar. Mas ao mesmo tempo agora são dois (no caso específico daqui de casa são 3 porque Jojoe necessita de atenção também). E tem o fato de que um deles é um bebê de 3 meses, frágil, que mama exclusivamente no peito, que adora colo e que precisa de atenção. Somos dois (eu e meu marido) e agora um sempre estará ocupado com alguma criança (coitado de Jojoe). E como faz para ficar sozinha com dois? E o tempo para você, onde fica? (e olha que nem estou questionando o tempo que queria ter com meu marido).
As coisas são feitas com menos frescura
Esse tópico é tão real mas tão real que poderia escrever um post somente sobre ele. Com o primeiro filho eu evitava sair na rua antes dos 3 meses, passava álcool gel antes de pegá-lo todas as vezes, anotava todos os horários que ele fazia xixi, coco, dormia e outras atividades, e por aí vai. Até no quesito roupas eu era mais fresca: Thomas saia impecável e combinando todas as vezes. Nada de bodies e tiptoes mais simples ou com cores que não combinavam. E o Ian, coitado, sai até de pijaminha se estou corrida ou se ele dormiu e não quero acorda-lo. E em relação às outras coisas eu saio com ele para tudo e já o levei até na Oktoberfest de Toronto – imaginem só! Claro que continuo tendo cuidados com ele mas não tenho caderninho de anotações e tento levar a vida – agora com 2 filhos, ou 3 contando Jojoe – de uma maneira bem mais simples e realmente sem frescuras.
Você e o que você quer fazer e gosta ficam em segundo plano
Ah se eu soubesse… juro que me achava a mãe ocupada quando tinha somente o Thomas. Ah se eu soubesse! Eu “só” conseguia fazer as minhas coisas quando ele ia dormir. Aí veio o Ian e agora quando o Ian dorme eu tenho um filho de 3 anos verbal e com desejos, que está em uma fase incrível da sua vida que precisa demais de toda a atenção, pois está descobrindo o mundo. E os cuidados de casa tem que ser triplicados. Quando Thomas era bebê eu não me importava com comida e jantar porque eu e meu marido nos virávamos com o que tinha. Mas o Thomas precisa comer bem, então a gente tem que pensar no jantar todos os dias (porque nos dias de semana ele vai para creche e almoça lá). Não dá para ficar sem fruta, verdura e produtos saudáveis para o Thomas se alimentar bem. E lembrando que Jojoe agora come comida e não ração, então temos mais um que precisamos cuidar muito e ter certeza que está bem alimentado. E tem as roupas sujas, que de duas crianças é simplesmente um monte por dia. Ainda, Thomas está começando a assistir vídeos mas só no final de semana (e pouco), então temos que ser criativos e ter atividades e brinquedos para entreter ele sempre, especialmente agora que o frio chegou. Com tudo isso é impossível pensar em fazer algo que se gosta como tomar um banho demorado hidratando o cabelo ou mesmo comer uma refeição com paciência. Os posts do blog estão agendados – escrevi mais de 50 enquanto estava no hospital – ou escritos como este, entre uma mamada e outra quando o bebê insiste em chorar ao sair do colo.
Como podem ser tão diferentes
Eu pensava que todos bebês eram iguais e estava totalmente errada (obviamente). Não é porque possuem o mesmo pai e a mesma mãe e porque tiveram a mesma criação que irmãos são iguais. Eu sei isso na pele porque eu e a minha irmã somos bem diferentes. Mas em tão pouco tempo de vida o Ian me mostrou que é tão diferente do irmão. Não vejo a hora de ver como ele será, o que ele gostara de fazer, quais serão suas comidas favoritas, etc. Uma coisa é comum entre os dois: ambos são bebês risonhos, apesar do Ian fazer cara de bravo com bem mais frequência.
No primeiro bebê nos tornamos uma família e no segundo bebê um time
Lembro que li esta afirmação quando estava grávida do Ian e não entendia: “no primeiro bebê nos tornamos uma família e no segundo bebê um time”. Mas hoje sei que é a mais pura verdade. Quando tínhamos somente o Thomas a gente concentrava todas as forças em um único bebe. Eu e meu marido dávamos o banho juntos, trocávamos a fralda em equipe, ficávamos vigiando ele 24h por dia e éramos zumbis nas primeiras semanas, porque para tudo um devia estar apoiando o outro. Aí veio o Ian e já sabíamos o que fazer. E o Thomas para cuidar. Então viramos um time e, quer saber, um time campeão. Cada um dá banho em um filho. Cada um coloca um filho para dormir. Enquanto eu dou mama o Ju alimenta o Thomas. Tudo é feito com esquemas para funcionar da melhor maneira possível. Algo do tipo “você faz isso enquanto eu faço aquilo para que depois a gente consiga fazer isso aqui”. Eu sou uma boa mãe porque tenho alguém ao meu lado que também faz as coisas. Não é aquela história de que “meu marido me ajuda”… ele é pai e tem responsabilidade em fazer tudo isso. E faz muito bem! Muitas vezes melhor do que eu!
É possível amar demais, novamente
Lembro que demorei um pouco para amar loucamente o Thomas. Não sei se foi o baque de me tornar mãe e de realizar meu sonho, mas demorou alguns dias para cair a ficha e aquele amor avassalador que sinto hoje (e que aumenta a cada dia) demorou algumas semanas para chegar. Mas com o Ian foi instantâneo, imediato. Lembro até agora do dia que cheguei em casa e sentada na poltrona que amamento no meu quarto eu senti meu coração… meu peito doido e cheio de amor. E foi nesta hora que eu percebi que é possível sim amar loucamente outro ser. Não tem mais nem menor. É igual. E é intenso. Me consome mesmo. E, quer saber, esta é a melhor sensação do mundo e a que me faz a pessoa mais feliz e me impulsiona a fazer tudo e mais um pouco.
Que lindo seu texto. Parabéns pela família linda e que Deus abençoe vcs! Eu também me pergunto se é possível amar outro filho igual eu amo a minha primogênita! Confesso que rola um medinho de quando vier o segundo. Rs
Não é fácil mesmo Gabi….
Lindo de mais seu texto, obrigada por tê-lo escrito. Me ajudou muito a me sentir menos assustada no momento em que estou passando, com um segundo bebê vindo e com meu filho mais novo com só um ano e dez meses.