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Se pudesse voltar no tempo isso é o que faria diferente na minha vida em TO

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Hoje é dia 15 e como todo “meio do mês” eu e mais 4 blogueiras brasileiras que moram em Toronto e participam do projeto #vidaemTO falamos sobre um mês tema em seus textos. O tema deste mês fala sobre arrependimentos e é certamente o mais difícil que eu já escrevi até hoje. Difícil porque eu não sou uma pessoa que pensa no passado e “volta no tempo” e sou da opinião de que a gente é o que é porque viveu momentos bons e ruins. E eu sou uma pessoa muito resolvida e feliz, por isso eu não mudaria nada que passei na minha vida em Toronto. Mas, para o texto não acabar aqui eu vou relatar 5 momentos ruins que passei na cidade e falar porque eu não me arrependo de ter vivido estes momentos. Sabe aquela frase “Whatever doesn’t kill you simply makes you stronger” (o que mata simplesmente fortalece)? Então: é a mais pura verdade. E eu vou provar para vocês nos meus 5 exemplos abaixo.

Vir para o Canadá antes do marido

Neste post aqui (também do projeto vida em Toronto) eu contei para vocês que o momento que mais me marcou na minha vida aqui em Toronto foi a chegada do meu marido e do Jojoe em Toronto – em definitivo – em janeiro de 2011. Eu vim antes – dia 31 de agosto de 2010 – porque minhas aulas do doutorado começaram na primeira semana de setembro. Embora a gente tenha ficado morando separado mais de 4 meses eu não me arrependo desta decisão. Tornou a gente um casal bem mais forte, e fez com que compreendêssemos que nada (nem mesmo a distância) podia nos separar. Lembro que na época muita gente não entendeu nossa decisão – e até me criticou por estar “largando meu marido” – mas nós sabíamos o nosso objetivo, e no final foi uma ótima decisão que tomamos. Ah, e vale falar que nestes 4 meses a gente se viu 3 vezes, então deu para matar a saudade quase todo mês.

Ir para o Brasil somente depois da cirurgia do meu sogro

Em agosto de 2011 fomos pegos de surpresa com a notícia que meu sogro estava com câncer e precisava de cirurgia. Meu marido correu para o Brasil para ficar perto da sua família e eu fiquei aqui, “tentando” tocar a minha vida. Logo depois da cirurgia as coisas se complicaram e eu não pensei duas vezes “larguei tudo” e fui para o Brasil ficar ao lado do Ju. Eu fiquei 3 semanas e ele 2 meses. Infelizmente meu sogro não resistiu e eu fico triste quando penso que não fui antes da cirurgia para conversar com ele para dizer que tudo ficaria bem. Não é um arrependimento, é apenas uma tristeza. Ao mesmo tempo fico aliviada em saber que quando as coisas não correram como o planejado eu pude me organizar e no mesmo dia correr para o Brasil para ficar ao lado da família. Morar longe nestas horas é ruim demais e a gente tem que estar preparado para estar longe nos momentos bons e ruins.

Meus dois abortos

Quem acompanha a minha história a algum tempo sabe que eu tive um longo caminho antes de ter o Thomas nos braços – e eu contei tudo para vocês, em detalhes, aqui e aqui. Este caminho teve muitas lágrimas, muita fé, muita esperança, muita força… Eu não me arrependo de ter passado por nada disso e confesso para vocês que faria tudo novamente – e passaria pela dor toda novamente – sabendo que no final disso tudo Deus iria me presentear com o meu tão sonhado filho. O Thomas é a melhor parte de mim, um filho maravilhoso que eu nem acredito às vezes que é meu. Ter ele me faz refletir que as nossas conquistas são sim o resultado de tudo que vivemos – bons e principalmente maus momentos. Talvez se eu não tivesse passado por dois abortos eu não teria ele nos meus braços. Talvez se eu tivesse desistido e tivesse medo de sofrer (novamente) eu não teria arriscado ficar grávida uma terceira vez e nunca teria tido a chance de conhecer aquele que é a minha vida hoje (junto com marido e Jojoe, é claro).

Fazer um programa colaborativo no Departamento de Medicina

Eu posso considerar que meu doutorado na Universidade de Toronto foi tranquilo, sem muitos estresses. Eu sou uma pessoa extremamente organizada e objetiva, e quando iniciei meus estudos na Universidade de Toronto já tinha minhas metas traçadas para os próximos 4 anos. Já no primeiro ano fiz todas as disciplinas obrigatórias, para ter mais tempo para me dedicar aos meus projetos de pesquisa (que foram 5 no total). Eu era – e continuo sendo – daquelas alunas que fazia (faz) todos os cursos que surgiam ou que eram indicados. Eu sou da opinião de que a gente sempre aprende algo diferente quando estamos em lugares diferentes, mesmo que seja uma palavra nova em inglês. E foi assim que eu fui cair no meu “pesadelo” do doutorado. Recebi um email falando da oportunidade de fazer um programa colaborativo no Departamento de Medicina da UofT nos meus últimos anos de estudo: eu deveria fazer mais 3 disciplinas e só. Ganharia um diploma e mais um reconhecimento. No início achei que seria fácil mas foram as sextas-feiras mais difíceis da minha vida. Eu estava envolta de cirurgiões e médicos que tinham um conhecimento diferente do que eu tinha. Eu tive que literalmente correr atrás e confesso que pensei muitas vezes em desistir. No final eu aprendi MUITO, ganhei meu diploma e não me arrependo de nada. Pelo contrário.

Manter o blog ativo desde minha chegada aqui

O blog me traz muita satisfação, é algo que eu sou apaixonada e realmente curto fazer (e acho que dá para perceber pelos textos longos e constantes – pelo menos 5 por semana – e cheios de fotos e dicas). É uma maneira de eu me expressar para o mundo e realmente “colocar para fora” tudo que eu penso e amo, em relação a diversos assuntos. Uma coisa que eu não me arrependo é ter dedicado um precioso tempo da minha vida a ele. Já recebi comentários e tenho certeza que muita gente não deve entender como eu “perco” tempo escrevendo aqui quando o meu trabalho é outro e eu tenho filho, cachorro e marido para cuidar. Fato é que eu consigo me dedicar a tudo isso e ainda assim vir aqui escrever para vocês, e eu sou extremamente feliz de nunca ter desistido de escrever aqui, mesmo quando o relógio parecia correr contra mim e eu estava super ocupada. Hoje eu começo a colher os frutos de 7 anos de muita dedicação e textos e é muito bom olhar para trás e não se arrepender de abrir meu coração aqui para vocês.

Ufa! Realmente abri meu coração para vocês. Espero que tenham gostado e vou adorar saber se vocês tem algum arrependimento ou se estão tranquilos e felizes com as suas escolhas. Como disse anteriormente este post faz parte do projeto #vidaemTO. Não deixem de acompanhar o que as outras blogueiras que participam do projeto tem a dizer sobre este assunto:

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Carina Iani | Blog Outside Brazil
Livi Souza | Blog Baianos no Pólo Norte
Mariana Cimini | Blog Virei Canadense
Mirella Matthiesen | Blog Mikix

19 comentários em “Se pudesse voltar no tempo isso é o que faria diferente na minha vida em TO”

  1. Saibas que adoro teu blogue te admiro muito! Você é uma inspiração para mim! Uma pessoa otimista, iluminada e determinada!! Seu sucesso é fruto de sua dedicação!! Parabéns querida! Um grande beijo!?

  2. Gabi, sou sua seguidora de muitos anos! amei o texto.
    E agora te sigo no canal!

    Gostaria de sugerir um tema: como é sua rotina de trabalho (pq eu não consigo entender muito bem sobre trabalhar como pesquisador). Vc fica em um laboratório colhendo dados e escrevendo artigos? Ou você atua como fisioterapeuta e tem pacientes?

    Por vc ser pesquisadora, você precisou pedir licença para atuar como fisioterapeuta? Trabalha dentro do hospital da universidade?

    Caso você não entrasse no Canadá pelo Doutorado, você tentaria a imigração de outra forma? Seu marido abandonou a carreira dele aqui no Brasil para vcs dois se dedicarem a sua?

    Obrigada, sua xará gabi!

  3. Amei o texto como amei o blog.
    Concordo quando diz q o q passamos faz de nos o q somos hj.
    Bênçãos e alegrias pra vcs!!
    Patty Martins

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