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Nossa viagem para Toscana em 2016 [Parte 1]

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Estava na minha to do list escrever sobre a viagem maravilhosa que eu, Ju e o Thomas fizemos para a Toscana na Itália em agosto deste ano. Demorou bastante mas finalmente os posts estão prontos (dividi a viagem em 2 posts para não ficar muito extenso e um vai ao ar hoje e outro semana que vem). Eu sempre reluto bastante em escrever sobre as nossas viagens por dois motivos: porque o blog fala da minha vida no Canadá (e não em outros locais) e porque os momentos são tão preciosos e tão “nossos” que eu fico um pouco dividida se devo compartilhar ou não. Mas eu acabo decidindo compartilhar porque eu recebo tantas mensagens legais agradecendo as dicas e também é tão bom relembrar momentos e detalhes que ficam registrados nos posts.

Esta viagem surgiu porque eu tive que fazer uma apresentação em um Congresso em Roma. Geralmente quando tenho uma viagem à trabalho eu acabo pegando alguns dias de folga para explorar a região ou o país que estou visitando. Desta vez queríamos ficar na Itália mesmo, mas pegar uma região mais calma e com menos agito. Como já conhecíamos a Itália nosso intuito não era ficar fazendo turismo e sim relaxar e curtir dias especiais com nosso bebê – e também meus últimos dias de licença maternidade (pois depois da viagem eu voltei a trabalhar). Por isso resolvemos passear pela região da Toscana, que é um roteiro mais tranquilo, romântico, cênico e gastronômico – tudo que procurávamos. Alugamos um carro e dirigimos pelas estradas cênicas sem pressa, sem roteiro e sem a muvuca de lugares extremamente turísticos.

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Resolvemos organizar nosso roteiro da seguinte maneira: 4 dias na região mais sul da Toscana (para visitar as cidades de Montalcino, San Quirico d’Órcia, Pienza e Montepulciano) e 4 dias na região central da Toscana (para visitar a região de Chianti e as cidades de San Gimignano, Siena e Monteriggioni). A região da Toscana não é tão grande assim e as cidades são relativamente próximas, mas resolvemos ficar em dois hotéis diferentes para sempre estarmos próximos do hotel (por causa do Thomas, que na época da viagem tinha 10 meses) e para ter a experiência de ficar em dois tipos de hospedagens distintas (um castelo e um hotel rural – agriturismo). Achei que acertamos em cheio: roteiro super tranquilo, hotéis maravilhosos e tempo perfeito para curtir a região. Neste post irei falar sobre os primeiros 4 dias da viagem.

Depois de 4 dias em Roma alugamos um carro no aeroporto e seguimos viagem para a região da Toscana (no mapa acima eu mostro o ponto que saímos da highway vindo de Roma e começamos a explorar a região, chegando ao nosso hotel – Castello di Velona – e percorrendo as cidadezinhas que visitamos nesta primeira parte da viagem: Montalcino, San Quirico d’Orcia, Pienza e Montepulciano.

Montalcino

A cidade de Montalcino é incrivelmente famosa por seus vinhos Brunello, um dos melhores e mais apreciados vinhos italianos do mundo. Montalcino já era bem conhecido por seus vinhos tintos finos durante o século 15, mas foi somente em 1888 por um dos membros da família Biondi Santi inventou a “fórmula” do vinho Brunello (somente com uvas do tipo sangiovese). Há muitas regras para considerar um vinho como Brunello di Montalcino: ele deve envelhecer por nomínimo de 5 anos, 2 dos quais devem estar em barris de carvalho; estar em uma região específica de Montalcino (fora dela o vinho é conhecido por Sangiovese Grosso); o vinho é nomeado Rosso di Montalcino em uma versão mais suave e jovem da mesma região ou em anos de safras ruins; entre outras regras (viu como eu aprendi sobre vinhos). Vale falar que os vinhos são produzidos por pequenos produtores e quando você dirige pela região você encontra várias plantações de uvas e várias vinícolas familiares.

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Mas a cidade e a região não é apenas vinho. Montalcino é uma cidade cheia de história e arte. O centro histórico é lindo e dominado pela poderosa e imponente fortaleza Rocca, construída em 1361 para “lutar” contra o domínio de Siena. As vistas de suas muralhas são espectaculares, estendendo-se em direção ao Monte Amiata, o Vale d’Orcia e as colinas de Maremma. Vale também caminhar até a Piazza del Popolo, onde fica o Palazzo dei Priori (datado do século XII e onde hoje fica a prefeitura da cidade). Uma outra praça charmosa é a piazza Garibaldi, onde fica a igreja de Saint Egidio, várias lojas de vinhos e o centro de informações turísticas. Almoçamos em um bar chamado Belvedere que tem janelas com uma vista linda para a cidade e o Vale d’Orcia. No geral as ruas da cidade são íngremes e cheias de tesouros: igrejas, cafés, restaurantes e museus. Vale a pena se perder por lá.

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Se você quiser visitar uma vinícola na região uma das maiores e mais conhecidas é a Castello di Banfi. Fomos visitar o local e degustar alguns vinhos. Maridão adorou e comprou vários para trazermos para casa (eles fornecem caixas e embalagens para viagem). Vale falar que você pode visitar a vinícola e também hospedar-se no local.

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San Quirico d’Orcia

San Quirico d’Orcia foi uma das cidadezinhas da viagem que conquistou meu coração. Cidade murada e datada de 712 d.C é pequena e fica pertinho de Montalcino. É extremamente preservada e são visíveis ainda 14 torres ao longo da muralha. Entramos pela cidade (por sorte) pela Puorta Nova e já demos de cara com a Piazza della Libertà e a Igreja della Madonna di Vitaleta. Nesta mesma praça há uma entrada para o Horti dei Leonini, um jardim projetado e construído por Diomede Leoni em 1581. Dali você pode caminhar tranquilamente para as duas pontas da cidade e vale incluir nesta caminhada a bela igreja de Collegiata of the Saints Quirico and Giulitta. Gastamos em torno de 2 horas na cidade.

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Montepulciano

O bom de explorar cidades muradas – como Montepulciano – é que você já sabe que tem que começar o passeio pelos portões principais (geralmente há um de cada lado da cidade, o que facilita muito a dinâmica do passeio). No caso de Montepulciano os principais portões são a Porta al Prato e a Porta delle Farine. A cidade é atravessada por uma rua principal longa e larga chamada de Corso e de onde várias ruas estreitas e becos saem. Todos os caminhos devem chegar à Piazza Grande, que é a praça principal da cidade e é onde fica a Cattedrale di Santa Maria Assunta, o Palazzo Comunale, o Palazzo Tarugi e o Palazzo Contucci. Você pode subir no alto da torre do Palazzo Comunale para apreciar a vista da região (não fomos). A igreja está inacabada e mesmo assim é incrível, sendo erqguida entre 1592-1630. Almoçamos na Osteria del Borgo que tem um pátio super aconchegante com vista para o vale. Também fica a dica de um café super tradicional, o Caffé Poliziano (fundado em 1868).

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Montepulciano também possui seu vinho, o Vino Nobile de Montepulciano. Sua uva principal é um clone da variedade Sangiovese, conhecida por Prugnolo Gentile. O Nobile é considerado um vinho de potência intermediária entre o Chianti Classico e o Brunello di Montalcino: o período mínimo de repouso do vinho no barril de carvalho foi reduzido para 1 ano e a adaptação dos produtores à modernidade tem sido mais lenta do que em outras regiões nobres da Toscana… isto causa uma certa irregularidade na qualidade de seus vinhos. Na própria praça principal você pode provar o Vino Nobile dentro do Palazzo Contucci (veja mais informações aqui).

Vale falar que dirigimos ao redor de Montepulciano para ter vistas da mesma mais de longe e também para explorar as plantações de vinho. O passeio foi lindo e vale aqui a dica.

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Pienza

Pienza foi outra cidadezinha pequena que conquistou meu coração. Ela fica localizada a 490 metros acima do nível do mar e no alto de uma colina (possui vistas lindas do vale d’Orcia através da Via dell’Amore – fica a dica). Esta encantadora vila é conhecida como a “cidade ideal do Renascimento”, a criação do grande humanista Enea Silvio Piccolomini, que mais tarde se tornou o papa Pio II. Piccolomini tinha dinheiro e influência para transformar a cidade onde nasceu em uma cidade utópica e planejada. Em apenas 3 anos vários edifícios harmoniosos foram construídos (todos eles localizados na praça central da cidade): a Cattedrale dell’Assunta, o Palácio Episcopal, o Palazzo Piccolomini, o Palazzo Comunale e o Palazzo Ammannati. Quando estávamos na praça vimos vários locais conversando, crianças brincando e gostamos muito de ter a sensação de estar em um local sem tantos turistas.

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Pienza também é famosa por causa de um queijo, o pecorino de Pienza. Este queijo é feito de leite de ovelha e é famoso mundialmente. As ruas da cidade estão cheias de pequenas e charmosas lojas que vendem vários tipos de pecorino. Você pode saborear até decidir qual irá levar. Além de queijos você encontra vinhos, especiarias, massas artesanais e arte. Vale citar que você sente cheiro de queijo por todo lado – eu que não gosto de queijos não achei muito agradável mas meu marido amou.

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Hospedagem: Castello di Velona

Quando marcamos nossa viagem meu marido tinha vários planos para comer queijos e tomar diferentes tipos de vinho. Eu só tinha um pedido: queria ficar hospedada em um castelo. E o castelo que escolhemos foi o incrível Castello di Velona. O hotel fica localizado em uma colina na região de Montalcino, na pequena vila de Castelnuovo dell’Abate. Foi construído como uma fortaleza no século XI, transformado em uma villa residencial durante o Renascimento e abandonado depois disso. Só em 2003 ele foi restaurado e reaberto como hotel, spa e vinícola.

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A estrutura do hotel é incrível e inclui piscina interna e externa, 3 restaurantes, spa e muito conforto. Vale falar que quando eles estavam reformando o castelo eles acharam fontes termais, então as piscinas do local possuem águas termais. O café da manhã é maravilhoso e servido todos os dias bem cedo, para os hóspedes poderem apreciar o pôr-do-sol. Há apenas 46 quartos e todos são amplos, possuem vistas maravilhosas da região e pelo menos dois cômodos – uma sala e o quarto – o que para nós foi ótimo já que o Thomas dorme cedo e podíamos curtir a noite sem acordar o pequeno. Aliás, outros casais estavam hospedados com filhos.

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Eu e o Ju ficamos tão animados com a atmosfera que resolvemos marcar um jantar no restaurante chique do hotel – com o Thomas. Pensamos: “vai ser tarde e ele vai dormir no carrinho”. Claro que não foi isso que aconteceu e o Thomas chorou o jantar quase todo (lição aprendida). Mesmo assim conseguimos apreciar a boa comida do Settimo Senso (um de cada vez – para o outro poder segurar e distrair o bebê) e super recomendamos para quem estiver hospedado no local. Depois da noite desastrosa só mesmo comida no quarto do hotel – sempre aos olhares atentos do senhor Thomas é claro.

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Fotos e lugares clássicas

Além das cidades citadas acima eu resolvi incluir algumas dicas de lugares lindos para os amantes de belas fotos baterem fotos clássicas da Toscana.

Abbazia di Sant’Antimo: perto do nosso hotel – na cidadezinha de Castelnuovo dell’Abate – fica a Abbazia di Sant’Antimo, que é uma igreja do século X com arquitetura românica medieval. A igreja enorme fica localizada no meio de vinhedos e plantações e é um lugar lindo, super místico e a cara da Toscana.

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Capella di Vitaleta: uma outra foto clássica que é também a cara da Toscana e a da Capela de Nossa Senhora de Vitaleta, que é uma igreja pequenina localizada no topo de uma colina que liga San Quirico d’Orcia de Pienza. Quando estiver saindo de San Quirico em direção a Pienza fique atento à direita da rodovia pois a igrejinha fica bem no começo do trajeto.

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Chiesa di San Biagio: na base de Montepulciano fica a igreja de San Biagio, onde até 1518 ficavam os restos de outra igreja milenar. Até hoje restos desta igreja estão no local, já que alguns milagres foram atribuídos aos mesmos.

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Caminhos de ciprestes no Vale d’Orcia: para qualquer lugar que você olhar você consegue bater fotos incríveis – e clássicas – das árvores ciprestes, que compõem uma das típicas paisagens da Toscana. Do jardim La Foce você pode bater a foto clássica das estradas com curvas e ciprestes.

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Pôr do sol na Toscana: não dá para ir para a Toscana e não bater fotos incríveis do pôr do sol. Nesta primeira etapa da viagem o melhor lugar que encontramos para apreciar o pôr do sol era do nosso hotel, já que o mesmo estava no alto de uma colina (conforme escrevi anteriormente).

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Espero que tenham gostado do relato 1 da nossa viagem à Toscana e sexta-feira que vem posto para vocês a parte 2, que mostra nossa visita a região de Chianti e as cidades de San Gimignano, Siena, Monteriggioni. Até lá!

Se você quer saber como fizemos para viajar pela Itália com nosso bebê de 10 meses – o que levamos, como fizemos para alimentá-lo, entre outras informações – não deixe de ler este post aqui.

17 comentários em “Nossa viagem para Toscana em 2016 [Parte 1]”

  1. Oi Gaby, quantas fotos incríveis!!! Amei o post!! Uma pergunta: quando vocês viajam, e o Joe não pode ir… com quem vocês deixam ele? Beijos

      1. Oi Gaby, Obrigada por responder…. perguntei porque iremos morar no Canadá e temos uma filhinha de 4 patas. Me preocupo muito com a adaptação dela e como faremos quando ela não puder ir conosco para alguma viagem. Obrigada. Beijos =) Adoro seu blog.!

  2. Toscana deve ser incrível mesmo!! Italia esta na minha lista ha anos, e acho que a prioridade sera lugares pequenos do interior, como a Toscana… se Deus quiser em breve eu vou!!

  3. Amei o post, quero mto conhecer a Itália e com ctz Toscana está no roteiro! Continue postando sobre suas viagens, pleeeease : ) Bjs
    obs, amei as fotos, o Thomas é muito alegre e fofuxo

  4. Pingback: Nossa viagem para Toscana em 2016 [Parte 2] - Gaby no Canadá

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