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756 dias

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No dia que eu fiz a transferência dos meus embriões durante meu tratamento de in-vitro – dia 6 de fevereiro de 2015 – eu tive que tirar minha aliança de casamento, porque não podia entrar na sala onde o procedimento foi feito com nenhuma jóia. Depois da transferência eu nem queria me mover (para ter certeza que os embriões estariam se fixando lá dentro) e colocar a aliança de volta no dedo era a última coisa que eu pensei. Ai vieram os dias de espera (deitada na cama e sem aliança), o resultado positivo e as injeções de progesterona, que se prolongaram até 16 semanas de gravidez. E nada de aliança no dedo.

Um belo dia – quando já sabia que era “o Thomas” que estava na minha barriga; i.e. com bem mais de 16 semanas de gravidez – lembro que eu e o marido resolvemos bater uma fotos da barriga, que já começava a aparecer. E ai eu pensei: quero a aliança no meu dedo para ela aparecer nas fotos. Peguei-a na gaveta e… nada de servir. Isso mesmo: a minha aliança não servia mais. Lembro que comentei com outras amigas e elas falaram que era normal durante a gravidez o inchaço nas extremidades. Eu pensei: “tudo bem, depois que o Thomas nascer eu coloco a aliança”.

Thomas nasceu e nos primeiros meses eu nem lembrava da aliança – e de escovar o cabelo ou me arrumar (quem já passou por isso sabe do que eu estou falando). Mas ai chegou o dia que me deparei com aquela gaveta e lá fui eu tentar colocar a aliança no dedo… em vão. Não servia. Nem passava do meio do dedo.

Eu engordei MUITO na gravidez. Pelo menos 30 quilos (digo pelo menos porque quando chegou em um valor eu parei de contar). E sim, posso usar como desculpa o fato de que fiz tratamento para engravidar e que meu bebê era enorme (5kg só de bebê, sem contar a placenta e todos os líquidos envolvidos). Posso também usar como desculpa o fato de que eu estava realmente ansiosa durante aqueles 9 meses, queria que desse certo, queria meu filho nos meus braços o quanto antes. E esta ansiedade me fazia comer, muito. O fato é que eu engordei e achava que era só emagrecer que a aliança iria servir.

E ai eu emagreci. Todos os 30 quilos. Claro que não foi de uma hora para outra, acho que demorou mais de 1 ano para eu voltar a servir nas minhas roupas pré-Thomas (o que não quer dizer que eu esteja magra, obviamente). E ai lá fui eu para aquela gaveta, ver se a aliança finalmente iria servir. E não é que ela não entrou? Chegou perto, mas não entrou.

Lembro que eu fiquei triste. Triste mesmo. Um dia eu conto para vocês aqui no blog como a aliança veio parar no meu dedo e como eu nunca mais a tinha tirado de lá. A foto que ilustra este post foi da primeira vez que a coloquei no dedo e foi um dos dias mais incríveis e especiais da minha vida. Obviamente minha aliança é muito especial, especialmente porque foi meu marido que a escolheu e que foi me dada de surpresa. Eu fiquei triste pois não queria outro anel, queria minha aliança de casamento que foi escolhida pelo meu marido. Ponto.

Mandei mensagem para a joalheria que o marido comprou as alianças – em São Paulo – e eles disseram que poderiam aumentar o tamanho, mas era preciso levá-las lá. Minha família mora em Florianópolis e quando vamos para o Brasil sempre fazemos escala em SP, mas é tão corrido que nunca passou pela minha cabeça sair do aeroporto de Guarulhos (com um bebê) para ir até uma loja levar uma aliança para aumentarem de tamanho. Eis que – nesse meio tempo – uma das minhas melhores amigas foi para São Paulo e fez tudo para mim: levou a aliança no lugar, entrou em contato várias vezes para ter certeza que eles iriam fazer no prazo, foi buscá-la e trouxe para mim – sã e salva (nem tenho palavras para agradecer Li, muito obrigada).

E hoje, 756 dias depois, ela volta para meu dedo anelar esquerdo, para nunca mais sair. Ou melhor, para nunca mais sair até a próxima transferência de embriões.

8 comentários em “756 dias”

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