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3 dicas importantes para aqueles que pensam em fazer doutorado fora do Brasil

Acredito que a dúvida número 1 dos leitores que visitam o GNC é como fazer para ser aceito em um curso de pós-graduação aqui no Canadá. Eu já dei algumas dicas valiosas em uma série de 3 posts que foi ao ar em junho de 2013 (clique aqui, aqui e aqui para ler os posts). Mas mesmo assim surgem várias dúvidas e eu recebo muitas perguntas – a maioria delas eu não tenho uma resposta certa para dar. Isso porque cada instituição, departamento e curso possui suas regras e, mesmo em um só departamento, cada professor pode ter seu próprio processo seletivo. É muito difícil dizer o que isso é preciso ou se aquilo é necessário pois, como disse, há uma diversidade enorme de caminhos, regras e fatores. O ideal sempre é contactar o departamento de pós-graduação do departamento que você quer estudar (chamado graduation department) para tirar suas dúvidas.

Porém, eu não poderia deixar de dar dicas sobre pontos que acredito serem fundamentais para todos aqueles que pensam em fazer doutorado no Canadá (e acredito que essas dicas sejam valiosas também para outros paises estrangeiros). A dica que trago hoje são três fatores imprescindíveis para aqueles que querem realizar o sonho de estudar nas melhores instituições do mundo.

1. Tudo começa com uma idéia inovadora e possível

Um dos documentos necessários para eu me inscrever no meu curso de doutorado foi um projeto de pesquisa. E antes mesmo de me inscrever eu tive que mandar para meu futuro orientador uma carta de intenção falando um pouco das minhas idéias, do que eu tinha interesse em estudar (não só no doutorado mas após ele – uma espécie de plano de carreira na área da pesquisa), e o porquê de eu estar querendo estudar este tema (justificativa da pesquisa). Não basta apenas você querer fazer um doutorado: você tem que mostrar o que quer estudar e ter uma idéia inovadora, inteligente que desperte interesse do seu futuro orientador e da universidade. É muito importante ter também um bom embasamento teórico e mostrar através da literatura e estudos prévios a necessidade de realizar seu projeto. Ainda, você deve mostrar como vai alcançar seus objetivos e, o mais importante, que sua idéia é possível. Esse é o primeiro ponto para se destacar e mostrar que você sabe o que está fazendo e que sua idéia irá fazer a diferença dentro do seu nicho de pesquisa.

2. Mostre que você é capaz de alcançar todos os seus objetivos

Outro ponto fundamental é mostrar que você é a pessoa certa para estudar naquela instituição. Em outras palavras, você deve ter um bom currículo e uma história de pesquisa na área. Não adianta “acordar” e pensar: “quero fazer doutorado no Canadá”… não é assim que funciona. Você deve trabalhar e construir um CV, estudar bastante e dedicar-se para que seu currículo reflita o seu esforço e que este esforço e capacitação mostrem que você é a pessoa certa para estudar e trabalhar no seu projeto de pesquisa. Vale falar aqui que em alguns processos seletivos – principalmente naqueles relacionados com bolsas (i.e.$$) – os candidatos precisam escrever sobre seu Training Experience (ou tudo que você fez antes de aplicar para esta vaga e por que você é a pessoa certa para executar esta pesquisa). Portanto, minha dica é que você estude bastante, escreva bastante, e comece a se esforçar antes mesmo de vir para cá. Isso faz toda a diferença.

3. Tenha bons contatos

O ponto final diz respeito a contatos e conexões e a importância de ter bons relacionamentos na sua área. Neste caso, há vários exemplos que posso demonstrar a importância deste ponto. Em primeiro lugar, quando você aplicar para uma vaga você precisará dar uma lista de referências (orientadores antigos, chefes, pessoas que trabalharam com você). Essa lista é extremamente importante e pessoas do departamento geralmente entram em contato com orientadores antigos para perguntar sobre o aluno e seu trabalho. Em segundo lugar, se você tiver a oportunidade trabalhe voluntariamente no hospital ou setor que pretende desenvolver sua pesquisa, ou ainda no laboratório do seu futuro orientador. Por exemplo, se você e outro candidato estão concorrendo à mesma vaga, mas seu orientador já trabalhou com o outro aluno e conhece a dinâmica dele, certamente você estará em desvantagem. Voluntariado é algo super importante fora do Brasil e aqueles que dedicam seu tempo à aprender e pesquisar sem ganhar nada em troca são valorizados. Em tercero lugar, participar de congressos e conferências é importante. Se você sabe que experts na sua área irão participar de um panel em um congresso, vale a pena ir lá e no final apresentar-se. Quando você for escrever para o seu futuro orientador (e se ele esteve neste panel) você pode dizer que esteve naquela discussão. Ainda, você entenderá a visão dele em relação a uma determinada área de pesquisa, o que pode ser uma vantagem na hora de escrever seu projeto de pesquisa.

Espero que as dicas tenham sido válidas e fiquem ligados pois irei escrever mais e mais dicas aqui no blog. Vale ressaltar que as dicas são baseadas na minha experiência e que não há certo e errado. Essa é apenas a minha opinião baseado no que aconteceu comigo aqui no Canadá.

Termino este post com a “foto oficial” da minha formatura de PhD, aquela que estará em algum lugar da UofT (um livrou ou um quadro, não sei). Se você quiser ver outras fotos e saber mais sobre a minha convocation não deixe de ler o post que escrevi aqui no blog.

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37 comentários em “3 dicas importantes para aqueles que pensam em fazer doutorado fora do Brasil”

  1. Que legal Gaby! Imaginei sua foto pendurada em algum lugar da Universidade! 😉
    E ótimas dicas para quem tem interesse em estudar aí!
    Beijos!

  2. Gabi, no caso de mestrado o processo seletivo é menos rigoroso? As dicas também se aplicam? Sou super fã do seu blog e aproveito pra te parabenizar mais uma vez pela tua formatura. Bjos!

    1. Olá Verônica, acredito que o processo seja mais tranquilo. Mas as 3 dicas são super válidas e se você conseguir mostrar isso para seu orientador entra em qualquer programa, na minha opinião. Beijos e obrigada pelo carinho

  3. As dicas são mesmo valiosas e acho que são dicas para levar para a vida professional, independente de se fazer pós-graduação ou não. Só complementando o item 1, muitas vezes os orientadores ganham “grants” para projetos específicos, e essas grants podem incluir um ou mais estudantes de mestrado, doutorado, pós-doc, técnico, etc, então não necessariamente ele(a) vai escolher alguém com um projeto próprio. Caso o candidato não tenha uma idéia inovadora, mas tenha interesse e experiência em determinada área ainda é possível conseguir uma vaga. E na minha experiência, quanto mais “jovem” (por ex. mestrando) o candidato, mais provável que ele vá trabalhar em um projeto definido pelo orientador ou em parceria com um pós-doc. Eu trabalho com pesquisa na área de genética e biologia molecular, então só falo por essa área, pode ser diferente em outras áreas.

    1. É mesmo Maria Augusta. Como isso não foi o que aconteceu comigo, eu não comentei – mas você está certa (inclusive estou aprendendo a escrever grants para ganhar $ em projetos). Mas vale falar que, pelo menos na minha área, vários dos grants já são escritos e aplicados por alunos – apesar do PI ser o orientador – então o dinheiro, caso recebido, já tem destinatário. Mas certamente é uma ótima opção. Obrigada pelo comentário

  4. Gaby, no caso de mestrado, você acha importante que seja feita uma especialização na área antes para que já tenha alguma linha de pesquisa? Seria em vão pesquisar a fundo sobre algo e apresentar diretamente as idéias ao departamento/professor?

    1. Ola Ariane. Depende muito. Eu, por exemplo, fiz bastante pesquisa durante a minha graduação e fiz uma pós tbem. Tudo isso valeu como experiência. Eu acredito que eles não exijem muito para estudantes de mestrado, então se vc tiver a experiência de graduação + cartas dos professores deve valer.

  5. Olá Gaby , hj sou esteticista e me apaixonei pela área onde atuo ha 3 anos e decidi fazer fisioterapia para me especializar em Dermato Funcional . Comecei a faculda este ano e tb me matriculei em um curso de ingles . Li todas as suas dicas e como vc disse já quero me preparar desde agora porque sonho em fazer um mestrado fora do brasil.
    O que vc conhece dessa area onde vc está , tem mercado ? E hj tenho que trabalhar e não posso me dedicar em tempo integral pra fazer uma iniciação cientifica mesmo porque a bolsa é muito baixa. Como sou caloura ainda não estou entendendo do significado do mestrado . Gostaria de mais dicas suas pra eu comecar desde agora me preparar desde custos etc….sou casada e teno um filho de 3 anos hj …..bjs

    1. Olá Francine. Obrigada pelo recado e pela visita ao blog. Então, as dicas que tenho são essas. Tem mais dicas tbem em posts sobre pos-graduação (da uma pesquisada aqui). Em resumo, o ideal é que você comece o quanto antes a iniciação científica, e vc já esta fazendo inglês. Os custos são altos (para estudantes internacionais pode chegar a ser 5X mais), mas já bolsas do governo brasileiro – como o ciências sem fronteiras. Mas não sei como funciona, tens que pesquisar. Espero ter ajudado! Beijos

  6. Ótimas dicas, Gaby! Assino em baixo. Fiz o meu doutorado em Sydney/Australia, e os primeiros passos foram exatamente esses.
    No meu caso, não fiz um estágio no laboratório do professor que veio a ser o meu orientador, mas o conheci pessoalmente em uma conferência no Brasil em que ele foi o palestrante. O contato do meu orientador do mestrado com esse professor certamente abriu as portas para que eu pudesse estabelecer o contato, e posteriormente, propôr um projeto de pesquisa de doutorado.
    Também nunca é demais reforçar a necessidade de ter um curriculum compatível com a vaga e o nível da universidade, e isso não se consegue da noite para o dia, né?
    Estou devorando as suas dicas – o blog é show! Parabéns.

  7. Olá, Gaby. Excelentes posts esses seus sobre doutorado no Canadá (li este aqui e outro que você dividiu em 3 partes). Estou terminando meu mestrado e tenho buscado informações para fazer meu doutorado aí no Canadá também, por isso tenho algumas perguntas a fazer:
    – Quando eu entrar em contato com um supervisor em potencial para minha pesquisa eu devo enviar histórico do mestrado, currículo ou outra coisa logo no primeiro e-mail para chamar a atenção ou isso poderia me prejudicar?
    – Se ele pedir meu currículo para dar uma olhada, como é que deve ser este currículo? Aquele com “cover letter” que é normalmente usado aí no Canadá ou é um currículo diferente, mais acadêmico?
    Você já passou por isso e sabe como é… parece simples, mas dá um medo de errar em algo no primeiro contato e não receber resposta alguma.
    Muito obrigado, Gaby!
    Abração!

    1. Ola Raphael…
      Obrigada pelo recado e visita ao blog.
      Eu mandaria tudo sim, mas o mais importante seria um rascunho do projeto que vc pretende fazer. O Cv pode ser de qualquer formato, mas coloque apenas informações relevantes ao curso/projeto que vc quer fazer. Não adianta ter um CV de 5 páginas e somente 1 página com informações relevantes. Cv mais acadêmico. Dá uma olhada no CCV (Canadian CV) e veja modelos.
      Boa sorte!

  8. Olá Gabriela!

    Estou na fração que chegou ao blog interessado em mestrado e doutorado no Canadá. E digo com propriedade de tanto procurar informações que teu conteúdo está excelente, super esclarecedor e não segue muito a linha comum. Como meu plano de doutorado ai é para 2020 terei tempo de degustar tudo. Mias tarde tentarei mais tarde encontrar nos posts algo sobre como está dua vida profissional ai e se está seguindo carreira acadêmica. Um grande abraço. T

  9. Gaby, Parabéns a sua atitude em divulgar um aprendizado para contribuir com o crescimento do outro evidencia o seu pensamento sistêmico e evoluído.
    As suas 3 dicas vão de encontro ao meu projeto pessoal de fazer o meu Doutorado no Canadá em confiabilidade humana.
    O agradecer tem um comprometimento em passar para frente o bem que chegou até nós.
    Obrigada!!

  10. Pingback: Doutorado no Canadá | Engenheirando no canada

  11. Olá Gabriela,
    Primeiramente gostaria de dizer que o blog está muito bem escrito e com otimas informações, parabens.
    Me formo mestre em Jul do ano que vem, até então a minha vivência acadêmica se resume as aulas e ao meu projeto. Até o fim do ano que vem pretendo estar com um artigo publicado e pelo menos uma participaçao em congresso. Em dois anos de mestrado nao da pra fazer muita coisa. Eu vi que voce mencionou a importancia de ter um CV academico bom. Vc aconselharia a ficar por aqui e investir um pouco mais no CV aqui ou seria possivel ir e dar continuidade por lá?

    1. Otima pergunta André. Eu não sei a sua área mas na minha é necessário ter uma experiência em pesquisa e publicações. Além disso um bom projeto para que chame a atenção de algum orientador daqui. Não sei se 1 publicação será suficiente para você entrar no PhD aqui (seria esse seu objetivo?). Eu investiria um pouco mais no Brasil para estar mais seguro, mas já comece a mandar emails e procurar orientadores e pesquisadores interessados em trabalhar com vc.

  12. Olá! Obrigada pelas dicas!
    Você poderia falar um pouco sobre os custos para fazer um doutorado no Canadá? Bolsas ou ajudas de custos são comuns ou extremamente disputadas? Obrigada novamente.

  13. Parabéns pelas conquistas Gaby… vou estar acompanhando seus posts! E devo estar entrando em contato em breve com você para obter mais e mais dicas… abração e fique com Deus! Sucesso sempre! ?

  14. Pingback: Como tirar o maior proveito de sua pós-graduação no exterior - Gaby no Canadá

  15. Oi Gaby!
    Estou querendo aplicar para um PhD na UofT. Você acha que existe a possibilidade de bolsa?
    Outra dúvida: você conseguia trabalhar durante seus estudos? Como se manteve financeiramente durante esse período?
    Obrigada!! 🙂

    1. Ola Luana. Obrigada pelos seus recados e pela sua visita ao blog. Eu não sei sobre bolsas na sua área e também não sei como funciona no SickKids. Acho que vc deve seguir meus conselhos e procurar professores na área que você quer estudar. Eu trabalhava como TA (dava aulas) e tbem como research assistant (assistente de pesquisa) mas o que ganhava não era possível para eu me manter sozinha. Sou casada e era meu marido que bancava nossa casa. Espero ter ajudado!

  16. Oi Gaby. Vc fez esses estágios voluntários durante ou depois do seu mestrado? Minhas possibilidades de entrar num PhD são muito menores se não fazer, mesmo que em uma universidade menos concorrida?

    Faço mestrado no Brasil e queria continuar os estudos no Canadá. O mercado de trabalho aqui no Brasil para minhas linhas de pesquisa (engenharia/simulação e computação científica) é péssimo, e oportunidades só aparecem na Europa e América do Norte em geral, então escolhi imigrar para o Canadá por já ser fluente em inglês!

    Já pesquisei várias universidades no Canadá e apenas 2 tem professores que poderia contribuir para área. Queria aumentar minhas chances de ser aceito pq tenho mais 14 meses de bolsa de mestrado e já queria ingressar no PhD.

    Abração e parabéns pelo trabalho!

    1. Olá David. Acho que fazer um voluntariado é um plus, mas não vai ser decisivo para você passar ou não. Não acho que se você não fizer você não entra – se tiver um bom CV. O que conta na minha opinião é sua experiência em pesquisa, suas publicações e seu networking. Boa sorte

  17. Olá, fui aprovado no mestrado para neurociências na Ufrgs, você sabe me dizer como é área para doutorado no canadá, e o que devo fazer para ser aceito em alguma universidade, Obrigado!

    Cristiano Ferrão

  18. Pingback: A história do blog contada por 100 posts - Gaby no Canadá

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