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Rota dos Fiordes Canadenses

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Quando ouvimos a palavra “fjord” a maioria das pessoas pensa na Escandinávia ou na Noruega. Poucos pensam do Canadá. Mas, por aqui também existem fiordes e eles são chamados de “Fjord Saguenay” e são relativamente desconhecidos e localizados em uma região inexplorada ao Norte da península de Québec. Em todo o mundo há 2130 fiordes; destes, apenas 38 possuem 100 ou mais km de comprimento, sendo o Saguenay um deles. Mas o que realmente distingue o Fjord Saguenay do resto é a sua localização sul: é o fiorde mais ao Sul da América do Norte que é navegável e habitado.

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Antes de começar a detalhar nosso passeio e a região gostaria de escrever sobre o que são fiordes. Um fiorde é essencialmente uma grande entrada de água entre altas montanhas rochosas. Na chamada erosão glacial, o gelo arrastou o que encontrou pela frente, arrancando pedaços de rocha. O resultado foi a formação de vales estreitos com paredões muito íngremes. No final das idades glaciais a temperatura voltou a subir, o gelo retrocedeu e o nível do mar aumentou, alagando esses vales rochosos. Como a ocorrência dos fiordes está relacionada a este avanço das geleiras, a maioria deles aparece em regiões nas altas latitudes, mais próximas da Antártida ou do Ártico, como na costa da Noruega, no litoral do Alasca, na Groelândia, na Nova Zelândia e no meu querido Canadá. Além de formarem paisagens de tirar o fôlego, as águas desses canais são bastante calmas, excelentes para a pesca e oferecem um bom local para a ancoragem de barcos. Devido a esta característico os fiordes receberam este nome, que significa em norueguês “porto seguro”.

1Saguenay

A rota dos fjordes começa na cidade de Saguenay, que fica a 210 km ao Norte de Québec City. A cidade de Saguenay foi formada em 2002 (sim, super nova!) e é dividida em três distritos: Chicoutimi (que inclui a ex-cidade de Chicoutimi, bem como as vilas de Laterrière e Tremblay), Jonquière (que inclui a ex-cidade de Jonquière, Lac-Kenogami e Shipshaw) e La Baie (que corresponde à ex-cidade de La Baie).

Chicoutimi é uma graça e minha região favorita. Ela fica na beira do Rio Saguenay e seu downtown fica no topo de uma colina (ou seja, lindas vistas panorâmicas e belas fotos). Na região, não deixe de visitar: Vieux Port (parque na beira do rio), Musée de la Petite Maison Blanche (museu localizado em uma casa que sobreviveu a enchente que destruiu a cidade em 1947 e causou danos bilionários no local – fica localizado em um parque lindo), Rue Racine (principal rua da cidade com cervejarias artesanais, pubs e lojas de chocolate), Cathédrale de Chicoutimi (principal igreja da cidade, linda demais e localizada no alto da colina aonde fica downtown), La Pulperie (museu regional que conta a história da cidade e de sua tradição de produzir celulose – Chicotimi era o maior produtor de pasta de celulose mecânica no Canadá em 1910).

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Jonquière é também muito fofa, e mais a oeste de Chocoutimi. Em Jonquière passeamos pelo Parc et promenade de la Rivière-aux-Sables (um parque com um mercado público, várias padarias, cervejarias e uma igreja linda dentro de uma comunidade super pequena e totalmente francesa).

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La Baie é mais afastada de Chicoutimi e Jonquière e é a cidade mais feia das três (na minha opinião). Apesar do nome – a baia – o lugar é bem feio e possui uma indústria enorme bem na frente da baía, além de ser uma região portuária, o que também deixa a região suja e feia. Duas coisas me chamaram a atenção na região de La Baie. A primeira é que o nome da baía aonde a cidade fica é Ha! Ha! (isso mesmo, Ha! Ha!). Eu pensei, que estranho, deve ter alguma história por trás disso… mas ai pesquisando descri que ha! ha! ou ha-ha é um termo francês que significa elemento de design paisagístico aonde existe uma barreira vertical mas a vista é preservada. O segundo fato que me chamou a atenção em La Baie é o centro de informações da região dos fjords: SUPER completo. Cheguei lá meio perdida e recebi vários mapas, vários panfletos (super úteis, o que é coisa rara), dois CDs para ouvirmos no carro sobre a região e que ajudaram MUITO, e muita informação sobre os passeios de barco e hospedagem. Em La Baie fica também uma atração super popular da região, o Musée du Fjord, que é uma espécie de museu de história, museu de ciência e aquário. Neste museu você pode conhecer sobre a flora e a fauna da região, incluindo o the Greenland shark, que é o único tubarão que vive em águas de fiordes do mundo.

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Sobre hospedagem é importante falar que em Saguenay ficamos hospedados em um dos poucos hotéis que aceitavam cachorro na cidade, o Delta Saguenay (que fica localizado entre Chicoutimi e Jonquière). Hotel bom, bem novo e com ótima localização. Falando em pet-friendly, a cidade de Saguenay é bem pouco receptiva para os peludos e nenhum dos parques citados acima aceitavam cachorros, o que achei muito estranho pois pra mim parque é sinônimo de passeio com meu Jojoe. Aliás, como vocês podem ver na foto abaixo não pode cachorro, bicicleta, skate e muitas outras coisas…

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De La Baie continuamos a La Route Du Fjord e passamos pela costa sul (você também pode fazer pela parte norte do rio Saguenay – rodovia 172 – mas optamos pela parte sul – rodovia 170 – pois pareceu ter mais atrações). Passamos pelas cidadezinhas de Saint-Félix-d’Otis e Rivière-Éternité antes de chegarmos ao nosso destino do dia: L’Anse-Saint-Jean. A estrada é beeeem remota, mas muito conservada. É incrível a paz que o caminho te traz.

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2SaintJean

L’Anse-Saint-Jean foi a minha região/vila preferida de todo o passeio. A vila conseguiu uma certa notoriedade quando em 1997 seus 1200 moradores transformaram a vila em Le Royaume de L’Anse-Saint-Jean, a primeira “monarquia municipal” do continente Americano. No plebiscito realizado a monarquia ganhou com 73.9% dos votos e Denys Tremblay tornou-se o rei Denys I, coroado em 24 de junho de 1997.

É em L’Anse-Saint-Jean que fica o Saguenay National Park e o Sagueney-Saint-Laurent Marine Park. Foi na cidade que pegamos um barco e fizemos um passeio pela região dos fiordes e do parque nacional. O passeio de barco durou 3 horas e custou $65 por pessoa (com direito a ida e volta). Há apenas 2 horários do passeio e se você está pensando em visitar a região clique aqui e veja as opções de horários e tipos de passeios (há barcos também saindo de outras cidades como La Baie). Nem preciso dizer que o passeio não aceitava cachorros, mas Jojoe ficou na nossa cabana descansando depois de passearmos a manhã toda com ele.

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Durante o passeio de barco cruzamos com uma estátua de Virgem Maria no Cabo Trindade, uma das partes mais lindas do Saguenay National Park. Essa estátua tem uma história bem interessante. Charles Napoleão Robitaille foi um dos primeiros viajantes pelas estradas de Saguenay para venda de objetos da vida cotidiana de aldeia em aldeia, sendo funcionário de uma loja em Québec. Em 1878 quando viajava no inverno e tentava atravessar o Rio Saguenay teve um acidente: o gelo quebrou e ele caiu na água com seu trenó e seu cavalo, implorando ajuda a Virgem Maria. Em honra da Virgem Maria e do milagre de ter sobrevivido, Charles pediu ao artista Louis Jobin, em 1880, para fazer uma enorme estátua de Maria, que foi chamada de Notre-Dame-du-Saguenay. Depois de várias tentativas (inclusive da estátua ter caído na água) a estátua foi cortada em 14 partes que foram içadas e hoje formam a estátua de Virgem Maria que é linda e está lá no topo do fiorde para ser apreciada.

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Falando da “nossa cabana”, ficamos em um hotel lindo e que eu super recomendo: Chalets sur le Fjord. Os chalets são pet-friendly e possui cozinha completa, lareira e uma vista linda para os fiordes e a marina de L’Anse-Saint-Jean. Além disso no complexo há piscina, quadras, churrasqueiras e um restaurante. Um local paradisíaco e muito, muito especial. Pertinho da marina há vários estabelecimentos fofos, como a Creperia Café du Quai, a Padaria Pâtisserie Louise, e o Bisto de L’Anse (que estava lotado!). Confesso que foi difícil deixar o local… eu ficaria por lá 1 semana tranquilamente…

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Certamente o ponto alto da nossa estada em L’Anse-Saint-Jean ficou pela descoberta da “melhor vista dos fiordes”. Pegando uma ponte de madeira coberta e seguindo pelo Chemin de L’Anse (que é LINDO!) subimos até o Saguenay National Park e chegamos no L’Anse-de-Tabatière, uma trilha de 0.5km que é super fácil e linda demais (considerada uma das únicas trilhas fáceis do parque e acessível de carro – as outras que vimosdemoravam entre 3-9horas para fazer e não permitiam cachorros, então optamos por esta e ficamos satisfeitos). Foi lá que vimos o pôr do sol e fizemos um picnic dos sonhos (melhor vista, melhor companhia). Uma pena que o local não era pet-friendly mas eu e o marido pudemos curtir muito o visual. Dicas úteis: para entrar no parque você paga $7 por pessoa e o passe tem validade de 24h; não esqueça repelente ou você será comido vivo; garrafas de plástico e de vinho não são recicladas no parque (comente latinhas), então não esqueça de trazer de volta seu lixo para reciclar nos locais apropriados.

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3PetitSaguenay

Por fim visitamos a vila de Petit-Saguenay, que possui em torno de 600 habitantes e fica localizada na base dos fiordes e costeando um rio que é conhecido pela pesca de salmão. É uma vila extremamente bucólica e pequena, que irá render belas fotos e memórias. Quando chegar em Petit-Saguenay pegue a Rue du Quai (esquerda) e siga até a marina e o pier, aonde você terá uma vista incrível dos fiordes. Depois, siga para o Chemin-Saint-Etienne e passe por plantações de blueberries selvagens, chegando até a Village-Vacances Petit-Saguenay, um local com cabans, camping, praia, piscina e uma vista incrível dos fiordes. Vale os 7km de estrada sinuosa com algumas partes de estrada de chão.

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A route du fjord termina no caminho entre Petit-Saguenay e Saint-Siméon, que é uma das paisagens mais lindas da viagem. Uma pena que quando fizemos esta parte do trajeto estava chovendo muito, então não pudemos apreciar tanto a região montanhosa e bater muitas fotos (as fotos que batemos ficaram horríveis, então nem postarei aqui). Mas fica aqui a dica. Em Saint-Siméon começa outra rota, a La Route du Fleuve, que será assunto de um próximo post.

14 comentários em “Rota dos Fiordes Canadenses”

  1. Uau, Gabi. Suas fotos arrasaaaram. Estou morando em Chicoutimi desde dezembro e sempre quis fazer esses passeios, mas quando cheguei estava impossivelmente frio, rs. Mas agora estou voltando lá, e vou usar seu post como guia =) Obrigada por compartilhar seus momentos!

  2. Gaby, seu blog é muito bom, estou adorando. Essas dicas aqui estão me ajudando muito.
    Em breve farei uma viagem pro Canadá e estou em dúvida com relação ao tempo de estadia nessa região. Na verdade, pretendo fazer só a parte do Saguenay National Park. Pensei em um dia pra fazer o passeio de barco e conhecer a região e no dia seguinte ir pro parque mesmo. Vc ficou um dia todo no parque ? Tem alguma área específica do parque pra indicar ?
    Obrigada

    1. Alguns locais disponibilizam espaços para deixar os cachorros. Em outros nos cansávamos ele em um período e deixávamos ele no hotel. Jojoe é bem tranquilo e gosta de ficar descansando no quarto do hotel pois viagem sempre é cansativo.

  3. Estamos indo para a regiao de quebec e planejava dormir uma noite nas proximidades para conhecer o Parque Nacional Fjord-Du-Saguenay, já estou achando que uma noite será pouco né? Vc acha que dá p ficar hospedado em saguenay em um unico local e ficar se deslocando de lá para os outros locais saindo de manha e voltando a noite? Lembrando que ainda não reservei …e estou pensando em estender mais uma noite ficar o fds..por causa do seu post 🙂 considerando que eu vá chegar sexta a noite e voltar no domingo o que vc priorizaria conhecer e onde planejaria ficar hospedado?
    Um grande beijo e adorei o blog

    1. Ola Clarissa… a região é super concorrida nos meses quentes e acho que vc precisa de mais que 1 dia, por ser bem afastada. O ideal seria ficar mais uma noite. Sobre ficar hospedado eu gostei de ficar nas pequenas cidades, que tem um charme a mais. O passeio de L’Anse-Saint-Jean é imperdível.

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